Políticas de Lagarde geram 245 milhões para a banca portuguesa

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Marcello Casal Jr. / ABr

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde

A estratégia do Banco Central Europeu (BCE) de combate ao impacto da pandemia na banca está a gerar ganhos de 4,8 mil milhões de euros para as instituições financeiras da Zona Euro, com Portugal do lado dos nove países que têm lucrado.

“A combinação das políticas de taxas de juro de depósitos negativas sobre o excesso de liquidez e os empréstimos TLTRO [longer-term refinancing operations] resulta num ganho de cerca de 4,8 mil milhões de euros para os bancos da Zona Euro como um todo”, explicou Eric Dor, diretor de estudos económicos da IESEG School of Management em Lille, que calculou o impacto com base em dados do BCE, citado pelo ECO na quarta-feira.

“Há um ganho líquido para os bancos de Itália, Espanha, França, Países Baixos, Grécia, Áustria, Portugal, Bélgica e Eslováquia”, disse. Espanha e Itália, referiu, concentram a maioria dos ganhos, enquanto para Portugal é, no máximo, de 245 milhões de euros.

No lado oposto, continuou, “há uma perda líquida para os bancos dos outros países da Zona Euro, mas num montante relativamente pequeno e concentrado na Alemanha, Luxemburgo e Finlândia”.

Em causa estão a taxa de depósitos negativa, de -0,5% – o dinheiro que os bancos têm parqueado no banco central “paga” juros ao invés de os receber -, e as operações de refinanciamento barato. Os cálculos de Dor combinam a diferença entre os custos que a banca tem com taxas de depósito negativas e os benefícios dos baixos juros dos TLTRO.

Na sua opinião, “o BCE pode reivindicar que as atuais políticas apoiam globalmente os bancos”, o que poderá desincentivar qualquer recuo nestas medidas.

O Conselho de Governadores reúne-se esta quinta-feira, depois de, em dezembro, terem reforçado o envelope para comprar dívida com mais 500 mil milhões de euros para um total de 1,85 biliões de euros, prolongado o programa até março de 2022. Não se esperam para já quaisquer alterações aos vários instrumentos, lê-se ainda no ECO.

Taísa Pagno //

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