Afinal, há mesmo ligação entre a personalidade e a inteligência. As pessoas mais felizes e abertas são as que têm mais capacidades cognitivas.
Um estudo, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, que analisou dados de milhões de participantes, em todo o mundo, permitiu identificar conexões entre traços de personalidade e capacidades cognitivas.
Embora muitos estudos tenham já explorado os domínios da personalidade humana e inteligência, entender como estas duas dimensões se interligam continuava, até então, por explorar.
Os autores do estudo Kevin Stanek, investigador na Gilead Sciences, e Deniz Ones, do departamento de psicologia da University of Minnesota, passaram 14 anos a analisar dados.
Da pesquisa resultou um catálogo que compreende 79 traços de personalidade e 97 capacidades cognitivas, recolhidos de 1300 estudos em mais de 50 países.
A personalidade reflete as maneiras típicas de pensar, sentir e agir de um indivíduo, encapsuladas pelos “Big 5” traços: neuroticismo, extroversão, conscienciosidade, abertura e amabilidade.
A inteligência, por outro lado, é a capacidade de entender e aplicar informações, categorizada em conhecimento adquirido e não investido.
O conhecimento adquirido refere-se a habilidades específicas; o conhecimento não investido engloba um conjunto mais amplo de capacidades cognitivas, como a memória e o reconhecimento de padrões.
Estereótipos desmistificados
A meta-análise de Kevin Stanek e Deniz Ones desmistificou vários estereótipos.
A abertura, associada à vontade de se envolver em novas experiências, foi encontrada com uma correlação moderadamente forte com a capacidade mental.
A conscienciosidade, refletindo auto-regulação, geralmente correlacionou-se positivamente com a inteligência. Contudo, alguns aspetos, como a procura de rotina, indicaram capacidades cognitivas mais baixas.
Contrariamente à crença popular, a extroversão estava apenas ligeiramente ligada à inteligência. A atividade – um componente da extroversão – teve uma conexão mais forte. No entanto, a sociabilidade – outro componente – mostrou uma pequena correlação negativa com algumas habilidades cognitivas.
Níveis mais altos de neuroticismo, frequentemente ligados à emocionalidade negativa, estavam fracamente associados a uma diminuição da inteligência.
A amabilidade, indicativa da capacidade de uma pessoa se relacionar harmoniosamente com os outros, mostrou a correlação mais fraca com a inteligência. No entanto, aspetos específicos, como compaixão, estavam moderadamente associados a uma maior capacidade cognitiva.
Uma das principais revelações do estudo foi que traços de personalidade mais específicos, em vez das categorias “Big 5” mais amplas, mostraram correlações significativas com as capacidades cognitivas.
Ao Big Think, Deniz Ones explicou que, embora as categorizações gerais sejam convenientes, mergulhar nas nuances da personalidade oferece uma imagem mais clara do que torna um indivíduo único.
A pesquisa sugeriu que indivíduos que são felizes e têm mente aberta têm maior probabilidade de exibir uma inteligência superior do que aqueles que são temperamentais ou insensíveis.
Há também a possibilidade de fatores externos, como riqueza e saúde, possam simultaneamente melhorar as capacidades cognitivas e favorecer certos traços de personalidade.
“As empresas muitas vezes utilizam dados para influenciar os utilizadores. O nosso objetivo é ajudar as pessoas a entenderem-se melhor. Ao fazê-lo, podem tomar decisões que se alinhem com o seu trabalho ideal, relacionamentos e situações de vida”, disse Deniz Ones, ao Big Think.
Os investigadores pretendem que estas informações capacitem os indivíduos a fazer escolhas informadas sobre suas carreiras profissionais, relacionamentos e ambientes sociais, com base numa compreensão mais profunda de suas personalidades e capacidades cognitivas.
Nada visto que o estudo não é sobre o inteligência mas sim uma pequenina é desactualizada forma de ver a inteligência.
A nossa personalidade, está igualmente presente no nosso comportamento, nas posturas comportamentais, que são fruto das nossas experiências diversificadas, das aprendizagens que adquirimos de forma formal e informal, e invariavelmente, está conexão à nossa inteligência, assim como esta resulta das variáveis anteriores, logo, sim, a nossa inteligência está relacionada com a nossa personalidade e vice versa.
Uma pessoa estratega, é uma pessoa inteligente, mas essa inteligência é fruto das experiências, do treino, dos meios sociais em que se nove, assim como uma pessoa anti-social, não descurando a sua inteligência, não desenvolveu capacidades diversificadas, que lhe permitam espelhar a sua inteligência.