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Nota artística: duas grandes notícias no SC Braga-FC Porto

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O início de 2021 está a ser complicado noutros contextos mas, no futebol português, o calendário ficou muito interessante. Houve um Sporting-Braga; um Porto-Benfica; houve as meias-finais e a final da Taça da Liga, sempre entre as quatro equipas mais bem classificadas; houve um Sporting-Benfica. E segue-se um sempre interessante Sporting de Braga-Futebol Clube do Porto. No relvado estarão duas equipas do pódio. Mas esperem: agora não se joga só no relvado.

 

“Joga-se muito fora do campo”, disse o treinador campeão nacional, na véspera do encontro em Braga. Sei que não consegues admitir, Sérgio, mas o que tu queres é o jogo dentro do campo, é ir para a luta e levar a melhor sobre a equipa que também já foi tua.

Vamos lá.

E o jogo que interessa foi apertado na primeira fase, com as equipas encaixadas. Nada novo nos duelos entre as equipas mais bem classificadas no campeonato português, nos últimos tempos. Nos últimos anos, parece-me.

Com escassas situações de golo, foi uma grande penalidade que inaugurou o marcador. Mais um penálti, mais um momento que vai ser muito jogado fora do campo. Sérgio Oliveira chegou aos oito golos na Liga e voltou a ser o melhor marcador, isolado, da equipa do Dragão. Mas foi um registo passageiro.

Os dragões não quebraram, nem caíram, no início da segunda parte. O FC Porto estava a vencer mas era a equipa que pressionava mais, que procurava mais o golo. Taremi não quis ficar atrás de Sérgio Oliveira e também marcou pela oitava vez no campeonato.

Do ataque do Sp. Braga é que pouco ou nada se via. No meio desta incapacidade ofensiva, verifiquei que faltava lá na frente um certo internacional português, diminutivo de Paulo mas aumentativo de golos.

– Onde está ele? – perguntei a um colega.
– Deixou Braga.
– Para onde? E porquê?
– Porque quis suprir necessidades desportivas e financeiras. Para onde… Para a capital de Portugal. Mas antes fez uma paragem numa capela.
– Qual delas? Há tantas, aqui em Braga.
– Há. Mas não parou em nenhuma de Braga. Parou na capital católica para suprir outras necessidades, numa capela muito conhecida.

Pouco depois do segundo golo, surgiu em Braga a grande notícia para a humanidade: as vacinas resultam! O corona foi expulso! Vamos poder voltar… Levei uma cotovelada de outro colega. O Corona expulso foi um homem, o mexicano que, na assistência para Taremi, tinha voltado a demonstrar a sua classe – foi tanta a classe que o árbitro considerou que era classe a mais e desclassificou-o da partida.

Não foi este cartão vermelho que mudou o cenário do jogo. Faltava meia hora para o final mas, até perto dos 70 minutos, Marchesín continuou a ter sono, dada a ausência de tarefas exigentes. Mas quando Gaitán e Piazón entraram, entrou também o nível que faltava à turma anfitriã.

Depois de duas ameaças, golo de Fransérgio, num remate em que deu a sensação de que Marchesín poderia ter feito mais; é o sono, ainda não despertou.

Vai despertar agora porque o Sp. Braga está a pressionar muito, sempre a atacar. E aos 93 minutos, a segunda grande notícia deste duelo: Gaitán voltou aos golos. O argentino já raramente joga, quanto mais marcar. Já tinha conseguido um golo, em outubro. Mas esta reaparição pode ser um bom sinal para ele e uma grande notícia para quem gosta de bom futebol e para quem se lembra dos bons momentos do médio quando morava mais abaixo. Talvez tenha chegado a hora de Gaitán voltar a afirmar o seu encanto e de mostrar que nunca deixou de encantar. Aguardemos.

Quem não aguardou pelo final do jogo foi Sérgio Conceição, que voltou a ser expulso. Lá está: foi para fora do campo.

Como Sérgio não estava, apareceu Vítor. Vítor Bruno foi falar com a Sport TV, no final, e comentou a expulsão do Corona (que agora já sei que tem pernas e não uma coroa). Disse que o primeiro cartão amarelo que Soares Dias mostrou ao mexicano foi “um atentado ao futebol”. Mas eu até me foco no segundo cartão amarelo: alguém reparou no teatro do Esgaio? A queixar-se num sítio, onde nem tinha sido tocado, depois a queixar-se noutro, nos entretantos a abrir um bocadinho os olhos a ver se o árbitro estava a ver a sua atuação…

No meio do discurso do treinador-adjunto, até poderia ser destacada a terceira grande notícia da noite: um técnico a admitir que há um jogador no seu plantel que é melhor do que todos os outros. Corona, simplesmente Corona.

Bom, um ponto para cada equipa e o Sporting agradece. O FC Porto pode ficar com menos oito pontos do que o líder mas ainda haverá crença no Dragão. Basta lembrar que, desde que a vitória vale três pontos, em Portugal só houve uma equipa que conseguiu ser campeã depois de chegar ao final da primeira volta com, no mínimo, seis pontos de atraso em relação ao líder da altura (tal como aconteceu agora). Essa equipa foi…o FC Porto. No ano passado. Eles acreditam.

Nuno Teixeira, ZAP //

1 Comment

  1. E que música escolheria o caro Nuno Teixeira para a mais que previsível marcha fúnebre do futebol português? 17 jornadas decorridas, meio campeonato, nem um único jogo de qualidade acima da mediocridade. Refiro o futebol interno, não existe nem qualidade competitiva nem talento, só se for fora do campo, a artificialidade da chamada “tensão”, a qual já nem consegue animar os desportivos que vivem da exploração da “tensão”. Concretizando: como é que uma equipa que perdeu com o medíocre Lask, com goleada caseira, leva tantos pontos de avanço sobre os “colossos” Benfica e Porto?

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