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Cardeais e bispos tratam freiras como escravas

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Servem na casa dos bispos e dos cardeais e trabalham em cozinhas sem serem remuneradas. Na sua edição de março, a revista do Vaticano Women Church World expôs a forma como são tratadas algumas freiras pelos cardeais e bispos da Igreja Católica.

O artigo central da revista Women Church World, intitulado “O trabalho (quase) gratuito das freiras” e publicado pelo jornal oficial do Vaticano Osservatore Romano, denuncia a forma como são tratadas as freiras no seio da Igreja Católica. A revista está ser cada vez mais encarada como a versão da Igreja Católica do movimento #MeToo.

“Algumas delas servem nas casas de bispos e cardeais, outras trabalham nas cozinhas das instituições católicas ou ensinam. Há quem, para servir os homens da Igreja, se levante de manhã para fazer o pequeno-almoço e só se deite quando estiver tudo limpo, a roupa lavada e engomada”, diz a irmã Maria, nome fictício.

Além de raramente serem convidadas a sentar-se nas mesas que servem, realça-se a falta de salários dignos e a falta de contratos das mulheres que vão para os prelados. Quando adoecem, conta o Público, as trabalhadoras são enviadas de novo para a congregação e substituídas por outras.

A editora quer dar voz a estas irmãs, através de uma revista que sobrevive pela boa vontade e esforço gratuito dos editores. Muitas vezes, o silêncio de muitas freiras está relacionado com o facto de virem longe (África, Ásia ou América) e fazerem os seus estudos religiosos no Vaticano, pagos pelas congregações.

Elas sentem-se em dívida, amarradas, e por isso mantém-se caladas”, disse a irmã Maria, que também foi de África para Roma para prosseguir os seus estudos religiosos.

Além disso, a edição deste mês destaca ainda o facto de muitas freiras terem intelectos brilhantes, mas que não podem pô-los em prática, pelo facto de o seu avanço intelectual ser fortemente desencorajado pela Igreja. “Por detrás está sempre a ideia infeliz de que as mulheres valem menos do que os homens, de que os padres são tudo na igreja e de que as irmãs não são nada”, acrescentou a irmã Maria.

Mas as opções editoriais da revista estão constantemente debaixo de olho. Em março de 2016, a revista expôs um artigo no qual se defendia que as freiras deviam poder dar homilias. A autora teve de se defender publicamente e dizer que não teve nenhuma intenção de sugerir uma mudança nem na doutrina nem na prática.

A edição deste mês de março explora temas como as diferenças salariais de género e a falta de mulheres em posições de chefia.

“As mulheres são pessoal de segunda para a Igreja”

Para Maria João Sande Lemos, fundadora do movimento de leigos da Igreja Católica “Nós Somos Igreja”, que luta pela ordenação das mulheres a sacerdotes, “é um grande progresso uma revista que sai com o jornal do Vaticano reconhecer uma evidência, porque isso é o que acontece dentro da Igreja”.

Na opinião da fundadora do movimento, as mulheres “são pessoal de segunda para a Igreja Católica”. Por isso, Maria João defende que já se deviam ter tomado medidas em relação a esta fragilidade, como fazer com que as freiras “participem nas conferências episcopais, nos conselhos diocesanos ou tenham acesso aos ministérios ordenados”.

Destaca ainda o facto de o celibato das freiras ser imposto por razões económicas, mas também pela perspetiva de que “as mulheres são um perigo“.

No entanto, para Maria João esta revista é uma autêntica vitória. Ao Diário de Notícias, a fundadora do movimento “Nós Somos Igreja” desabafou: “Finalmente, que se comece a falar desse assunto. Nos EUA, o conselho geral das freiras foi perseguido e sujeito a investigação assim que começou a enfrentar os poderes romanos”, contou.

O Papa Francisco está a tentar mudar disto“, disse, lembrando que num prefácio que assinou para um livro sobre assuntos femininos, o Papa reconheceu que estava preocupado com muitos casos em que o trabalho das mulheres na Igreja “por vezes é mais servidão do que verdadeiro serviço”.

Também D. Januário Torgal Ferreira, bispo emérito das Forças Armadas e Segurança, entende que as freiras só deviam fazer trabalho doméstico “por vocação e nunca a serem tratadas como escravas”.

Porém, do conhecimento geral que tem sobre este assunto, o bispo destaca que em Portugal não existem muitas situações deste tipo de exploração. “As religiosas em Portugal, porque respeitam os serviços domésticos, não estão dispostas a ser empregadas dos padres e bispos”, explicou.

ZAP //

20 Comments

  1. “Cardeais e bispos tratam freiras como escravas”

    Alguém tem outra classificação mais honesta que esta do que aquilo que o Estado faz com os contribuintes?

    • Caro António, pelo seu comentário vê-se que anda distraído. Se olhar a sua volta, pode ver que Portugal tem escolas, hospitais, mercados, tribunais, estradas, praias, florestas, e muitas infraestruturas e funcionários públicos que fazem a máquina funcionar. Nem tudo está bem mas muitos trabalhadores honestos contribuem para isto funcionar, se não quiser contribuir pode emigrar!

      • Caro Jonas,pelo seu comentário vê-se que é funcionário público.Se olhar á sua volta,pode ver que Portugal tem trabalhadores de primeira e trabalhadores de segunda.
        Os trabalhadores que trabalham no privado(Os de segunda)que são com os seus impostos os que pagam os ordenados aos trabalhadores públicos têm que trabalhar por objectivos,trabalhar 40 horas semanais,gozar menos férias,e nunca podem fazer ponte reformam-se mais tarde,muitos não têm sequer um médico de família e quando precisam de certos serviços públicos que eles mesmo financiam são tratados com arrogância e desrespeito.Assim compreendo porque você não quer emigrar.

      • reformam-se mais tarde? não sabia dessa.
        não têm médico de família? porquê? os centros de saúde fazem selecção? não sabia dessa.
        Tratados com desrespeito? concordo que não pode ser assim, é por isso que o livro de reclamações é obrigatório.
        Pagam os vencimentos? Se tenho serviço de telefone, internet,… o pagamento desses serviços não paga os vencimentos dos privados, então os f. pub. também pagam os vencimentos dos privados.

      • Muito bem respondido!!
        Comparar os parasitas imorais da igreja com o Estado só de alguém que está mesmo “a leste” (ou então é para tentar desviar a atenção da noticia)!!

      • E não existem parasitas imorais também dentro do Estado? É assim tão ingénuo e ignorante? Ou os serviços do Estado são assim tão bons? E ignora convenientemente o trabalho positivo de muitos dentro da Igreja, especialmente em comparação com o mau trabalho de muitos dentro do Estado, mau trabalho esse que qualquer pessoa que encontre na rua lhe pode confirmar.

      • Primeiro, esta notícia é sobre a Igreja (e os seus chefes parasitas com vidas de luxo!); depois, claro que há “parasitas imorais” dentro do Estado (e outros fora, mas pendurados no Estado!), mas o Estado faz falta a qualquer país minimamente civilizado – já Igreja não faz falta nenhuma (antes pelo contrário!) e o “trabalho positivo de muitos dentro da Igreja” é, na sua maioria, realizado por gente que não faz parte de Igreja e com dinheiro vindo precisamente do Estado (e/ou do povo)!!
        O que “qualquer pessoa que encontre na rua” pode confirmar é que, de certeza absoluta, já precisou do Estado – mas dificilmente haverá alguma que alguma vez precisou da Igreja!!!
        Espero que tenha ficando esclarecido, para não voltar a tentar defender a Igreja atacando o Estado (Estado que (infelizmente) tanto tem ajudado a manter esse bando de parasitas imorais da Igreja)!…

  2. Eu pergunto: Um padre celebra a missa, reza, dá aulas nos seminários ou nas escolas, estuda “teologia, e que mais faz? Já não exorcista …
    Não poderia ele arrumar o seu quarto, limpar a sua residência, lavar e passar a sua roupa, ou pagar para alguém o fazer? Quando estudou no seminário, tinha de fazer essas tarefas, ou não?
    “Devia haver rotação de funções como na função pública … (excluindo a missa, claro).

    • “Já não Exorcista”?! Como está enganada!… Se tivesse lido o livro “The Rite” de Matt Baglio, saberia como não ignorar o fenómeno da possessão, sem o qual a própria Teologia Cristã seria incompleta, especialmente quando se está a negar uma confirmação da existência de Deus: se o Diabo existe, também Deus existe, e, sem provas concretas da parte de Deus, esta é sempre uma!…

  3. Eles falam, falam, apregoam igualdade para todos, mas no fundo é só conversa, porque dentro de casa, o que vale é o velho evangelho. Mais uma vergonha da igreja católica, que se quer parecer moderna, para irem conquistando mais uns quantos fieis, que ainda vão acreditando em tudo que esta gente diz, mas que no fundo ainda pensa e age como se estivesse na idade média, em que punham e disponham ao seu belo prazer, com os resultados que todos nós sabemos.

    • A maior parte das pessoas dentro da Igreja, desde os fiéis e a começar no Papa, não aprovam estas práticas. Não julgue o todo pela parte! Afinal de contas, estes casos até foram denunciados no jornal oficial do Vaticano!…

  4. mas ainda há pessoas que acreditam em religião? eu não, acredito sim em Deus e na minha fé,não preciso dos chulos dos padres, bispos , papas etc, não ajudam ninguém são uns vampiros aproveitam-se da infelicidade das pessoas para chular, acreditem, nos filmes mediavais, o que vimos é os padres a mandar matar pessoas que não fossem religiosos eram os piores, por favor não precisam de ir á igreja rezam em casa confessam-se ao marido, mulher ou filhos, pais etc, deixam essa fortuna porca ir abaixo

    • Se acredita nalguma coisa, isso é Religião. E a Religião, para ser transmitida, se manter e ser vivida, necessita dalguma estrutura. Se não fossem outros, será que acreditaria nalguma coisa?… Nem todos são assim e não pode julgar o que se faz hoje pelo que se fez no Passado. Será que vive a sua Religião em pleno sozinha sem mais e afastando-se do culto? Ou acha que recebe a Absolvição e outros Sacramentos de Deus através do marido, mulher ou filhos?… Ao ponto a que chega, por causa dalguns casos, rejeitar todas as outras pessoas, mais parece um instrumento do ateísmo dentro do Catolicismo!…

  5. Não é só a igreja católica que trata as mulheres como escravas, O Estado também esfola os seus contribuintes e as multinacionais olha para os seus trabalhadores como escravos.

  6. Padres e Freiras eles que se fo…, eu tenho é muita pena a das crianças que são vitimas destes, são violadas e até assassinadas por estas bestas, vejam o que aconteceu na Ilha da Madeira o dito padre federico, violou e matou, e depois de preso consegui fujir para o Brasil. e o vaticano que eu saiba nada fez para que este retorna-se para Portugal.
    Estas freiras tem o que merecem, elas que optaram por esta vida, podem renunciar, já que a igreja não as promovem a padres, mas sim a escravas para todo o serviço, ou podem limpar escadas que é também um trabalho digno.

    • O problema é entre dois Estados, Portugal e o Brasil, não é o Vaticano que tem que intervir ou levar com a responsabilização toda, uma vez que eles é que não cumpriram com as suas próprias leis criminais. O primeiro país, nada fez para pedir a extradição, e o segundo país nada fez para que ele cumprisse pena no seu Estado. As Freiras não têm o que merecem e não optaram por esta vida, uma vez que elas não se tornaram Freiras para se sujeitarem a esses trabalhos, e, tendo feito um juramento perante Deus, não podem renunciar. Não é por não poderem ser Padres que têm que ser criadas!…

  7. reformam-se mais tarde? não sabia dessa.
    não têm médico de família? porquê? os centros de saúde fazem selecção? não sabia dessa.
    Tratados com desrespeito? concordo que não pode ser assim, é por isso que o livro de reclamações é obrigatório.
    Pagam os vencimentos? Se tenho serviço de telefone, internet,… o pagamento desses serviços não paga os vencimentos dos privados, então os f. pub. também pagam os vencimentos dos privados.

  8. Que ignorância!… O celibato das Freiras não existe por razões económicas (quais?…), ou pela perspetiva de que “as mulheres são um perigo“ (o que quer que isso signifique!…), existe pela mesma razão que também existe para os Frades, porque juraram perante Deus renunciar ao Mundo, dentro do Espírito do Evangelho. Ou as Freiras agora iam casar para se emanciparem e os Frades continuavam celibatários?… No caso dos Padres é diferente, não juram ser celibatários como um fim em si mesmo, mas juram ser Ministros da Fé e, como tal, sujeitam-se aos regulamentos da sua missão, nomeadamente à recomendação tornada regra do celibato, que poderia não existir ou ser revogada.

  9. Caro amigos e amigas lamento imenso todo este arranca cabelos uns aos outros por causa de gente tão inútil e verdade sim:parasitas da sociedade.Nada produzem.Nada ajudam sempre de mãos estendidas a pedir para a caridade; obras nas igrejas; etc etc.Nunca há dinheiro para nada.Mas não consigo perceber como conseguem manter tão alta qualidade de vida.Quem os sustenta? É do trabalho do dia a dia?E as freiras ?Porque para lá vão? Se Vosse vocação religiosa com vontade de ajudar a sério quem precisa não seria necessário encostarem-se tanto as batinas.E literalmente um mundo hipócrita.Em nome de Deus nunca se cometeram tanta vigarice como hoje.Nao se esqueçam amigos.Sao seitas que nos enganam todos os dias.Nos vivemos numa Hera com muita informação.So regressa a pré-historia quem quer e gosta.Nao de zanguem.Quem tem fé e acredita em Deus não precisa de Freiras Padres Bispos.Etc etc etc

  10. olha lá o Anonymous, é verdade e recebo a absolvição através dos meus filhos e mulher, esses é que são o meu deus o meu santo tudo esses é que me dão vida , para viver e ser bom homem, e a estrutura que falas construi eu com o meu dinheiro, a minha casa que é a minha igreja se me entendes, pois parece que nem casa nem familia tens, não entendes nada da vida deus não existe, deus é o que tú escolheres para fazer bem, onde anda o teu deus para protejer as crianças que morrem por exemplo na siria? foi de férias ou vais inventar uma lenga , lenga para desculpar a religia , pessoas fracas como tú é que precisam de religião para andar a chular as fraquezas dos outros com infelicidades, se não és Padre ( chulo) andas lá perto, acorda para a vida!

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