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Pela primeira vez na História, Fátima vazia no 13 de maio

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Paulo Novais / Lusa

A peregrinação nacional de maio começou na noite de terça-feira, numa celebração “atípica”, em que o Santuário de Fátima esteve vazia. Os peregrinos acompanharam as celebrações em sua casa devido à pandemia de covid-19.

A peregrinação, que decorreu esta terça e quarta-feira, realizou-se de forma inédita, sem peregrinos no recinto do Santuário de Fátima.

As celebrações, que começaram às 21h30, contaram apenas com a presença de pessoas diretamente implicadas nos diferentes momentos celebrativos.

A GNR está desde sábado a impedir o acesso de peregrinos a Fátima. O recinto do Santuário de Fátima foi encerrado: nas laterais, os portões e gradeamentos foram fechados; ao fundo, foram instaladas barreiras físicas que as autoridades estão a monitorizar em permanência para que, durante as celebrações, ninguém entrasse no recinto. Na terça-feira, foram detidos dois peregrinos.

O Santuário de Fátima pediu aos peregrinos que, não podendo estar presentes, peregrinem “com o coração”. A peregrinação de maio foi transmitida no site oficial, no Youtube e na página do Facebook do Santuário de Fátima.

Esta quarta-feira, a oração do rosário começou às 9h, na Capelinha das Aparições, seguindo-se a celebração da missa, presidida pelo cardeal António Marto, bispo de Leiria-Fátima, terminando as celebrações com a Procissão do Adeus.

O bispo de Leiria-Fátima alertou que já se está a gerar uma pandemia mais dolorosa do que a da covid-19, “a da extensão da pobreza“, pedindo também solidariedade para combater “o vírus” da indiferença e do individualismo.

“A pandemia, com a longa interrupção da vida normal, traz terríveis consequências económicas, sociais e laborais. Já está a gerar uma pandemia mais dolorosa, a da extensão da pobreza, da fome e da exclusão social”, afirmou o cardeal António Marto.

O cardeal lembrou que as consequências económicas da pandemia já batem “à porta das Caritas diocesanas e de várias paróquias e soa a sinal de grito de alarme“.

A “pandemia” social é “agravada pela cultura da indiferença e do individualismo“, salientando que “o vírus da indiferença só é derrotado com os anticorpos da compaixão e da solidariedade”.

Esta situação “dramática e trágica” expõe “a vulnerabilidade e fragilidade da condição humana”, frisou, considerando que essa fragilidade também exige uma união entre povos e classes, já que a covid-19 “ultrapassa todas as barreiras geográficas e todas as condições sociais, económicas, hierárquicas”.

Afirmando que “ninguém está imune”, António Marto frisou a necessidade de solidariedade perante uma pandemia que revela a interdependência entre seres humanos. “Ou nos salvamos todos juntos ou nos afundamos todos juntos”, sublinhou, recordando as palavras do papa Francisco, que defende um impulso de solidariedade para orientar a resposta mundial a uma “anunciada quebra” do sistema económico e social.

Para António Marto, este é também um tempo para refletir e repensar os hábitos e estilos de vida, vincando que “não se pode viver só para consumir”.

Perante um recinto de oração vazio, o cardeal voltou a afirmar que, apesar de para muitos esta ser uma peregrinação triste por se realizar num santuário de Fátima fechado, é também uma oportunidade para “aprender como é uma peregrinação em estado puro, o peregrinar com o coração“.

Face à ausência de peregrinos, houve algum simbolismo nos vários momentos celebrativos, como as 21 velas que representam as dioceses de Portugal e um ramo de flores que evocava os emigrantes e peregrinos dos diversos pontos do mundo.

Este ano celebra-se os 103 anos das aparições marianas, que terão ocorrido em 1917. A 13 de maio desse ano, os três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta, terão visto a aparição de Nossa Senhora na localidade de Fátima.

Por enquanto, as celebrações de Fátima não têm data para uma reabertura total ao público. A partir da tarde desta quarta-feira, o recinto do santuário volta a ser reaberto ao público, mas não as basílicas.

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. Todos , em nome da saúde pública , estamos a fazer esforços , cancelando eventos e cerimónias , das quais Fátima afeta centenas de milhares de fieis .
    Por outro lado , temos uns quantos , que se acham acima desse dever ( saúde publica ) e insistem em realizar as suas próprias festividades , como o caso da CGTP/PC com o 1º de maio e a festa do avante.
    Até quando é que temos de aturar isto?

      • Se a estupidez fosse um Reino, você era o Rei !……. Os milhões de vitimas desta pandemia (adultos e Crianças) a nível Mundial, claro …eram todos de ideologia Comunista, quanto ao Nome de Deus por si mencionado, é um insulto a quem é crente. Não sou praticante, nem militante, mas respeito !

      • Perante a parvoíce dos comunistas, bem revelada no 1º de maio com autocarros cheios de gente e agora com a festa do avante, podemos admitir que se estão a pôr a jeito. E já agora, Deus e os comunistas nunca se deram bem… vem do tempo do Karl… o Marx… dizia que era o ópio do povo. Pessoalmente acho que deviam mudar o discurso. O atual ópio do povo é a bola, os reality shows e as redes sociais. O Comunismo precisa de um novo Karl

      • O sr Reflexão é um excelente exemplo da intolerância de que a igreja sempre deu provas ao longo dos séculos, talvez agora menos, mas muitos dos seus fieis continuam com pensamentos muito semelhantes aos da idade média, trocando apenas as bruxas pelos comunistas.
        Não é assim , com crueldade, que se ganha o “Céu”……. Aconselho-o a alguma penitência e confessar urgentemente os seus pecados

  2. até aqui enfim que se corta nas verbas para a igreja, devia ser sempre assim, quem têm fé reza em casa, num lado ou outro a coisa é a mesma e os padres iam trabalhar mais as ovelhinhas deles ( freiras).

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