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Ricardo Salgado acusa contabilista de chantagem

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Manuel de Almeida / Lusa

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES

A defesa de Ricardo Salgado acusou o antigo contabilista da Espírito Santo International (ESI), Machado da Cruz, de ter tentado chantagear o ex-presidente do BES para se responsabilizar pela omissão da dívida de 1,3 mil milhões de euros.

“Esta testemunha pretendeu fazer uma chantagem“, afirmou esta quinta-feira Adriano Squilacce, advogado do antigo administrado do BES, Ricardo Salgado, durante a inquirição de Francisco Machado da Cruz, antigo contabilista da ESI que no final de 2013 disse que a omissão de 1,3 mil milhões de euros de dívida tinha sido um “erro”.

Ouvido no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, que julga os pedidos de impugnação às contra-ordenações aplicadas pelo Banco de Portugal ao ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, e ao ex-administrador Amílcar Morais Pires, o contabilista alegou, nas últimas sessões, ter assumido a omissão da dívida como um “erro da contabilidade” para “evitar a queda” do Grupo Espírito Santo (GES)”.

Essa assunção do “erro” ocorreu quando, em Dezembro de 2013, a empresa de auditoria KPMG o confrontou com a omissão de 1,3 mil milhões de euros no passivo da ESI e depois de Ricardo Salgado ter enviado uma carta ao Banco de Portugal (BdP) dizendo que havia um “erro” nas contas da Espírito Santo Finantial Group (ESFG).

Esta quinta-feira, o advogado de Salgado confrontou a testemunha com uma carta enviada a vários administradores do GES, reivindicando “uma compensação financeira razoável” por ter trabalhado 22 anos no grupo e por se encontrar numa situação de desemprego, após ter saído da ESI, em abri de 2013.

No documento, a que Adriano Squilacce chamou “a carta da chantagem”, Machado da Cruz alegava estar “desesperado” e “preocupado” com as quantias que terá que pagar a advogados para o defenderem nos processos relacionados com as irregularidades nas contas da empresa.

Em resposta à tentativa de “descredibilização da testemunha” por parte da defesa de Ricardo Salgado, Machado da Cruz negou qualquer tentativa de chantagem e disse ao tribunal ter “recusado assumir a responsabilidade da omissão em troca de dinheiro” apesar de Ricardo Salgado lhe ter “proposto pagar 250 mil euros através da sua conta pessoal” para que “assumisse tudo”.

“Não recebi nada, não quero dinheiro de ninguém e na minha mente esse assunto está mais do que resolvido”, acrescentou.

O contabilista reiterou que a omissão da dívida foi “ordenada por Ricardo Salgado”, a quem, acrescentou, no GES, “não se dizia que não” e que “mandava em tudo o que era relevante tanto na área financeira como na não financeira”.

// Lusa

2 Comments

  1. Só não entendo porque esses ladrões não estão na cadeia. Roubar como roubaram não justifica cadeia ? Vivemos num país que passou de 8 para 80, onde antes de prendia por tudo agora não se prende por nada e os ladrões vivem num paraíso.

  2. è que se forem a prender muito poucos politicos ficam de fora da prisão. Já nem digo prisão, mas sim prisão domiciliaria e ficarem sem dinheiro e bens até pagar o que devem quer ao Estado quer a quem devem e enganaram.

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