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Comunidade ucraniana pondera queixa-crime contra Câmara de Lisboa

António Pedro Santos / Lusa

Fernando Medina

No final da semana passada, a Associação dos Ucranianos em Portugal enviou um email ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, a exigir que a autarquia lhe dê garantias de que os dados pessoais de organizadores de manifestações não foram reenviados para o país.

“Devido à notícia sobre a revelação dos dados pessoais dos organizadores das manifestações em frente à embaixada russa em Lisboa, exigimos garantias que o mesmo não será feito com os cidadãos ucranianos que organizaram em Lisboa numerosas manifestações contra agressão russa e contra a anexação da Crimeia”, lê-se no email, a que o Expresso teve acesso.

Pavlo Sadokha, presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, disse ao semanário que têm sido organizados dezenas de protestos desde o final de 2013, não só em frente à embaixada da Rússia, como também à dos Estados Unidos e Reino Unido.

“Uma pessoa da Câmara Municipal de Lisboa ligou-nos posteriormente ao envio do nosso email a dizer que a autarquia iria investigar os procedimentos feitos na altura com os nossos pedidos para manifestações”, acrescentou.

O dirigente explicou que, quando é feito um pedido a informar de uma manifestação, a autarquia tem acesso ao número de pessoas esperadas no protesto, motivo e identidade dos organizadores. “Sabíamos que esses dados eram reenviados para a PSP, mas desconhecíamos que eram também passados para outros países”, afirmou.

Sadokha disse ainda que, caso se confirme que a CML reenviou os dados pessoais de ativistas, como fez no caso dos três ativistas russos em janeiro, a associação pondera fazer uma queixa-crime ao Ministério Público.

“A confirmar-se é algo de muito grave”, sublinhou, em declarações ao semanário.

“Se eles ficam a saber das nossas moradas pode ser muito problemático. Temos medo que algo lhes possa acontecer“, referiu o dirigente ucraniano, lembrando que há ativistas que se têm mostrado contra a invasão russa do território da Crimeia e que já foram ameaçados nas redes sociais.

Liliana Malainho, ZAP //

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