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“Cena de Kafka ou de Orwell”. Bielorrússia exibe Protasevich em conferência de imprensa

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Ramil Nasibulin / Belta / Handout / EPA

Roman Protasevich na conferência de imprensa

As autoridades bielorrussas exibiram, esta segunda-feira, o jornalista Roman Protasevich, numa conferência de imprensa descrita pela oposição como uma “cena kafkiana” e realizada sob “coação”.

Esta segunda-feira, Roman Protasevich esteve presente numa conferência de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros bielorrusso, na qual afirmou estar com uma saúde “excelente” e que ninguém o está a coagir.

“Estou ótimo, se for preciso estou disposto a submeter-me a um exame médico”, disse o jornalista, citado pelo semanário Expresso.

Já dois altos funcionários bielorrussos reafirmaram a versão de Minsk do redirecionamento do voo, alegando ter recebido uma ameaça espúria assinada pelo grupo Hamas a indicar que estava uma bomba a bordo.

Pouco importa o que ele diga. Não vamos esquecer: ele é um refém. E o regime está a usá-lo como troféu”, reagiu, no Twitter, Franak Viacorka, assessor da líder da oposição no exílio, Svetlana Tikhanovskaia.

“Isto não é uma conferência de imprensa, mas sim uma cena de Kafka ou de Orwell“, acrescentou ainda Viacorka.

Segundo o mesmo semanário, a BBC foi um dos órgãos de comunicação social convocados que decidiu não estar presente nesta conferência de imprensa.

Apenas saímos dali. Não podemos participar nisto quando ele está claramente sob coação”, escreveu Jonah Fisher, correspondente da BBC na Ucrânia, no Twitter.

Roman Protasevich e a sua companheira, a russa Sofia Sapega, foram presos em Minsk, a 23 de maio, depois do sequestro do avião comercial da Ryanair onde seguiam pelas autoridades bielorrussas, o que gerou protestos da comunidade internacional.

O jornalista, de 26 anos, é o ex-chefe de redação do influente canal Nexta, que se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos anti-governamentais após as eleições Presidenciais de agosto de 2020, cuja vitória é reivindicada pelo Presidente, Alexander Lukashenko, e contestada pela oposição.

Desde que foi preso, Protasevich já apareceu em dois vídeos, em que admitiu os crimes, bem como numa entrevista num canal público bielorrusso.

A oposição denunciou sempre o que considera ser uma “encenação sob coação”, prática muito usada pelo regime de Lukashenko.

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. Protasevich pode estar sob coação mas o que ninguém pode negar é que ele esteve associado a grupos ucranianos neo-nazis e por isso apenas representa uma ínfima minoria dos bielorrussos. Com as ideias que professa estaria impedido de aceder à comunicação social da maioria dos países europeus, e provavelmente até estaria a cumprir pena de prisão. Mas basta estar contra a Rússia e o regime bielorrusso para ser considerado entre nós como um mártir da liberdade e da democracia…

    • Claro que sim a Bielorussia é um exemplo de democracia mundial, assim como a Russia, China, Venezuela e Coreia do Norte. Até me admira como as pessoas não vão todas para lá e haja centenas ou milhares de pedidos de asilo poliico para fugir das ditaduras do restante mundo. Realmente o mundo é estranho.

      • Comentar é bom. Mas mesmo bom é comentar o que se escreveu e não qualquer delírio que nada tem a ver com o que se escreveu.

      • Por favor…O que aconteceu com este jornalista vai contra qualquer princípio!
        Onde está a democracia?

      • Tem razão quanto à falta de liberdade nessa lista de países à qual se poderia acrescentar mais uns quantos (Myanmar vem logo à lembrança) mas, como o mundo não é a preto e branco, recordo apenas o caso do Edward Snowden para refletirmos sobre algumas das várias limitações da democracia. Este caso envolve a aterragem forçada na Áustria do avião que transportava Evo Morales, além do encerramento do espaço aéreo a esse avião, nomeadamente, por Portugal. Não me recordo de tanto alvoroço. A diferença é que não conseguiram apanhar o Snowden. Se isso tivesse acontecido, os poderosos media ocidentais, que se copiam uns aos outros, fariam por esquecer o caso. Disso eu tenho a certeza.

  2. Até onde pode chegar a pouca-vergonha política! O poder e o descaramento parece não terem limites e temos cada vez mais gente desta espécie à frente dos destinos de um povo!

    • Pouca vergonha, pouca vergonha, é o que se tem passado com Julian Assange. Mas como ele não é adversário da Rússia ou da China já ninguém se importa…

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