Estado condenado a devolver 200 milhões aos bancos graças a lei inconstitucional de Centeno

Paulo Vaz Henriques / Portugal.gov.pt

O ministro das Finanças, Mário Centeno

O Adicional de Solidariedade criado por Mário Centeno em 2020 foi considerado inconstitucional. Como consequência, o Estado está agora condenado a devolver 200 milhões aos bancos.

Em 2020, o (à data) ministro das Finanças Mário Centeno criou o Adicional de Solidariedade sobre o Setor Bancário – ASSB.

O ASSB foi criado como uma contribuição temporária, nos tempos da pandemia provocada pela Covid-19, com o objetivo de reforçar o financiamento da Segurança Social e compensar a isenção de IVA sobre os serviços financeiros.

Porém, como lembra o Diário de Notícias (DN), acabou por tornar-se uma contribuição permanente.

Os bancos já haviam contestado, na altura em que o ASSB foi introduzido, a aplicação desta contribuição.

O ASSB acabou mesmo por ser declarado inconstitucional pelo Tribunal Constitucional (TC), devido à violação dos princípios da proibição da retroatividade fiscal, da igualdade tributária e da capacidade contributiva.

Como consequência, o Estado terá de devolver 200 milhões aos bancos, incluindo juros indemnizatórios à taxa legal de 4%, segundo apurou o DN.

Quanto à violação do princípio da proibição da retroatividade fiscal, em causa está o facto de a norma ter sido considerada retroativa, dado que incidia sobre factos tributários já integralmente verificados antes da entrada em vigor da lei.

Já sobre a violação dos princípios da igualdade tributária e da capacidade contributiva, o TC considerou que a justificação do imposto como compensação pela isenção de IVA é arbitrária e incoerente, dado que a base de incidência – o passivo bancário – não reflete adequadamente a capacidade contributiva dos bancos.

Neste cenário, nota o DN, a Autoridade Tributária (AT) terá de cessar a cobrança do ASSB, anular as liquidações pendentes e respeitar a decisão do TC em todos os processos judiciais.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.