Vulcões ajudaram espécies a sobreviver a eras glaciais

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O vapor e o calor de vulcões permitiram que espécies de plantas e de animais sobrevivessem em eras glaciais, de acordo com um estudo divulgado esta terça-feira e que oferece ajuda aos cientistas que se debruçam sobre as mudanças climáticas.

Uma equipa internacional de investigadores disse que a sua análise ajuda a explicar um mistério de longa data sobre como algumas espécies se desenvolveram em áreas cobertas por glaciais, com os vulcões a figurarem como oásis de vida durante os longos períodos gelados.

“O vapor vulcânico pode derreter uma larga quantidade de grutas de gelo sob os glaciares, onde a temperatura pode estar dezenas de graus mais elevada do que no exterior”, disse Ceridwen Fraser, que lidera a equipa, da Universidade Nacional Australiana.

Segundo o investigador, “grutas e campos de vapor quente podem ter sido excelentes locais para as espécies durante as eras glaciais”.

Da Idade do Gelo ao aquecimento global

“Podemos aprender muito ao olhar para os impactos de mudanças climáticas anteriores à medida que vamos lidando com a acelerada alteração que os humanos têm vindo a causar agora”, acrescentou.

A equipa estudou dezenas de milhares de amostras de musgos, líquenes e insetos, recolhidos ao longo de décadas por centenas de investigadores, descobrindo que havia mais espécies perto dos vulcões do que as que se encontravam afastadas deles.

Embora o estudo tenha como base a Antártida, as descobertas vão também ajudar os cientistas a perceber de que forma as espécies sobreviveram a Idades do Gelo noutras regiões gélidas, incluindo em períodos em que se pensava que havia pouco ou nenhum pedaço da Terra livre de gelo.

Há vida nos vulcões

A Antártida tem, pelo menos, 16 vulcões, que têm estado ativos desde a última Idade do Gelo há 20 mil anos, tendo-se verificado que aproximadamente 60% de espécies de invertebrados da Antártida foram encontrados noutros pontos do mundo.

“Quanto mais perto se chega dos vulcões, mais espécies se encontram”, disse Aleks Terauds, da Divisão Australiana da Antártida, que efetuou a análise reproduzida na publicação Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

“Este padrão apoia a nossa tese de que as espécies têm vindo a expandir as suas escalas e a mover-se gradualmente para fora das áreas vulcânicas desde a última Idade do Gelo”, apontou, citado pela AFP.

Steven Chown, da Universidade Monash, de Melbourne, que também integra a equipa, afirmou que as descobertas poderão servir de guia nos esforços de conservação na Antártida.

“Saber onde existiam os hotspots [pontos quentes] da diversidade irá ajudar-nos a protegê-la, dado que as mudanças climáticas, induzidas pelo Homem, continuam a afetar a Antártida”, acrescentou.

/Lusa

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