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Vontade de fazer xixi pode tornar um mentiroso mais convincente

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Na maioria das vezes, ficamos aflitos para ir à casa-de-banho nas piores alturas. Mas, de acordo com um novo estudo, isso até pode ser um bom sinal quando se trata de mentir.

Quem o diz é uma equipa de investigadores da Universidade Estadual da Califórnia, nos Estados Unidos, que observou que a retenção de urina pode fazer com que as pessoas sejam mais convincentes quando precisam de mentir.

Com recurso a uma amostra de 22 pessoas, o estudo fez com que os voluntários tivessem de responder a um questionário sobre temas sociais e morais, noticia a BBC.

O grupo foi dividido em dois e, quase uma hora antes de fazerem o teste, os investigadores fizeram com que uma metade bebesse 700 ml de água, enquanto que a outra bebeu apenas 50 ml.

Respondido o questionário, cada participante foi entrevistado por um painel, momento no qual tinham de tentar mentir sobre certos temas que, na verdade, tinham uma opinião muito clara.

Feito o teste, os investigadores detetaram muito mais facilmente as mentiras ditas pelos voluntários que tinham bebido menos água.

A equipa acredita assim que o resultado deste estudo, publicado na Science Direct, vai de encontro ao “contágio do efeito inibitório”, uma teoria que defende que os benefícios do autocontrolo numa determinada área se estendem a outras, se estas acontecerem de forma simultânea.

Ao contrário de quando estamos a falar de uma forma verdadeira, mentir requer um grande controlo.

Para além de manipular a informação, conseguir omitir os detalhes para produzir uma história convincente, controlar a postura e o lado de quem ouve são algumas das tarefas a que o “mentiroso” está sujeito.

“Mentir requer o uso de muitos recursos mentais”, afirmou Iris Blandón-Gitlin, uma das responsáveis pelo estudo.

Para a investigadora, o estudo sugere que as atividades que necessitam de mais autocontrolo por parte das pessoas compartilham mecanismos comuns no cérebro. Desta forma, quando exercemos algum tipo de controlo numa certa área, podemos estar a facilitar o controlo numa outra.

“São objetivamente diferentes mas no cérebro não. Não têm um campo específico. Quanto se ativa a rede de controlo inibitória de uma determinada área, os benefícios estendem-se a outras”, acrescenta.

Segundo a BBC, acredita-se que David Cameron, o primeiro-ministro britânico, evita ir à casa-de-banho antes de um discurso para aumentar os seus níveis de concentração.

World Economic Forum / Flickr

O primeiro-ministro britânico, David Cameron

O primeiro-ministro britânico, David Cameron

Iris Blandón-Gitlin afirmou ainda que o estudo não sugere que certas pessoas são mais mentirosas porque recorrem à “técnica da bexiga cheia”. O estudo mostra antes que enganar os outros é provavelmente mais fácil ao implementar essa técnica, desde que o desejo de urinar não seja excessivo.

“Se for suficientemente intenso para a pessoa se manter alerta, pode ajudá-la a concentrar-se e a ser um bom mentiroso”, disse.

Em declarações à revista New Scientist, o investigador Mirjam Tuk, do Imperial College London, afirma que o novo estudo não acrescenta informação mas que os resultados “fornecem uma confirmação importante da hipótese de o controlo da bexiga ter impacto no comportamento humano”.

Por outro lado, exercer controlo numa sequência de ações, e não de forma simultânea, poderá ter o efeito exatamente contrário.

De acordo com uma experiência publicada por Tuk, na qual se pedia aos voluntários para controlar as emoções enquanto viam um filme, o pedido fez com que a amostra comesse menos aperitivos durante o filme. O mesmo não aconteceu quando tiveram acesso aos mesmos alimentos mais tarde, período no qual acabaram por comer muito mais.

ZAP / BBC

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