Uso excessivo está a matar os antibióticos

Nina J. G. / Flick

-

O presidente do Grupo de Infecção e Sépsis afirmou esta terça-feira no Porto que os antibióticos estão a diminuir a sua eficácia face ao desenvolvimento crescente de resistências anti-microbianas devido ao uso excessivo e inapropriado desta terapêutica.

João Jaime Sá referiu que por esse motivo foi formada a Aliança Mundial Contra a Resistência Antibiótica, WAAAR, que tem como objectivo primordial a preservação do antibiótico.

Esta Aliança produziu uma Declaração onde reconhece que a questão “já extravasou há muito a esfera dos cuidados hospitalares e exige um esforço dirigido não só à comunidade médica e científica, mas também ao público em geral e aos legisladores”.

O texto da Declaração Contra a Resistência aos Antibióticos da WAAAR, subscrito por 700 peritos de 55 países e apoiado por 140 sociedades académicas, foi divulgado em conferência de imprensa no Porto.

O presidente da Associação Portuguesa para a Preservação do Antibiótico, Artur Paiva, explicou à Lusa que o aumento das resistências é um fenómeno que tem 20 a 30 anos e a que os estados têm dedicado uma atenção crescente.

“Portugal tem desde 1999 um programa nacional de controlo da infecção, mas tem apenas desde 2007, um programa para prevenção das resistências“, salientou.

“A DGS tem esta consciência e está a publicar activamente uma serie de normas que ajudam os clínicos a prescrever de forma adequada e sensata”, acrescenta.

A maior parte das infecções agudas deve ser tratada com antibióticos por não mais do que sete dias“, realça o especialista.

A exposição excessiva a antibióticos está a criar “progressão das resistências das bactérias” de forma que “estamos perto de ter bactérias que são totalmente resistentes ao antibiótico”.

Segundo Artur Paiva, só há duas respostas a esta ameaça. Uma será criar novos antibióticos, que as bactérias desconheçam e para os quais não tenham criado mecanismos de resistência.

A outra é “usar melhor os antibióticos que temos” de forma a prolongar a sua vida útil.

/Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.