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Todas as suspeitas de ébola, MERS e terrorismo em Portugal foram falsas

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Portugal teve oito casos de suspeita de ébola e já este ano dois casos suspeitos de Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS) mas todos falsos, e também nunca qualquer ameaça de terrorismo biológico foi real, no país.

Os dados foram salientados à Lusa no âmbito de um simulacro organizado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em Lisboa, com a participação do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR, duas entidades especialistas em ameaças com origem biológica.

A ação decorreu inserida num seminário do Instituto sobre equipamento de proteção individual, na intervenção em situações de origem nuclear, radiológica e biológica e química.

Os elementos do GIPS mostraram como agir no caso de ser detetado um agente potencialmente perigoso, desde o conhecimento de que tipo de produto se trata, à descontaminação e ao transporte.

O comandante do GIPS, Luís Rego, garantiu que o material de deteção, identificação e transporte de um potencial vírus – por exemplo, os fatos e outros equipamentos usados – são o que de mais eficiente existe no mundo. E deu um exemplo desse uso: “no caso de um morto, vítima de ébola, somos nós quem faz a descontaminação do corpo e de tudo o que esteja relacionado com ele”.

O seminário foi organizado pela Unidade de Resposta a Emergências e Biopreparação do Departamento de Doenças Infecciosas do Instituto Ricardo Jorge, cuja coordenadora, Sofia Núncio, garantiu que Portugal está preparado e tem meios para fazer face a qualquer ameaça.

O Instituto, salientou, está preparado para detetar todos os tipos de bactérias, vírus ou toxinas classificadas como potenciais armas biológicas. No país, disse, tomam-se todas as precauções, “até mais do que as necessárias”, a todos os níveis, e o sistema de segurança “é dos mais rígidos”.

Sofia Núncio lembrou que entidades de referência estrangeira estiveram em Portugal a avaliar os métodos utilizados, fazendo o percurso desde um caso suspeito até ao processamento dos resultados ou ao tratamento de doentes, e as avaliações não podiam ser melhores.

Por isso, diz, os níveis de segurança usados são tão eficientes em Lisboa como em qualquer parte do país, seja para um doente suspeito seja para um produto.

O mesmo garante Luís Rego, explicando que o GIPS, a secção mais recente da GNR (a primeira intervenção foi em 2010) tem sede em Lisboa e equipas em Braga, Viseu, Pombal e Tavira.

No ano passado, foi chamado para 38 intervenções e só este ano já participou em 13, mas, até hoje, nunca teve de atuar no caso de um atentado.

Uma das ações mais recentes foi num caso de desmaios de várias pessoas que respiraram perto de um contentor com um produto desconhecido.

O GIPS é formado por elementos especializados e tem certificação europeia, e o Instituto também tem “pessoal altamente treinado”, nas palavras de Sofia Núncio. E mesmo dentro do próprio Instituto as medidas de segurança aumentaram: hoje já nem todos têm acesso aos laboratórios, disse.

Desde 2001, o Instituto Ricardo Jorge já recebeu mais de mil amostras com suspeita de ameaça biológica. A de hoje, porque era um simulacro, revelou-se falsa.

Mas se fosse real lá estariam os GIPS e a equipa de reconhecimento, a identificar se seria um produto radioativo, outra a avançar em caso afirmativo, uma viatura para identificar a ameaça, uma unidade de descontaminação, e outra para transportar o produto.

Provavelmente, para o Instituto Ricardo Jorge.

/Lusa

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