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Testemunhas relatam apocalipse na capital francesa

Etienne Laurent / EPA

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Os vários ataques simultâneos em Paris durante a habitual saída noturna de sexta-feira deixou a capital “em pânico”, nomeadamente no 11.º bairro, onde mora Daniel Ribeiro, o correspondente do Expresso, que teve de sair pela cozinha do restaurante onde estava para regressar a casa.

Sirenes a tocar por toda a cidade, ruas bloqueadas pela polícia, familiares das vítimas a chorar, foram cenas do ‘apocalipse’ hoje vivido em Paris na sequência dos ataques que causaram pelo menos 40 mortos, relata a France Presse.

O perímetro foi bloqueado em torno do hospital Saint-Louis, no norte da capital. Um homem em lágrimas relata que a sua irmã foi morta. Ao lado, a sua mãe lamenta-se agarrada aos seus braços: “Eles não nos deixam passar”.

Ouvimos o barulho dos tiros, 30 segundos de rajadas, som interminável, pensámos que era fogo-de-artifício”, conta Pierre Montfort, que vive próximo da rua Bichat, perto do local onde ocorreu um dos tiroteios.

“Tive que pedir à senhora para me abrir a porta da cozinha para eu sair das traseiras porque já não se podia sair pela frente. Todo o bairro está em pânico. O quarteirão da zona Richard Lenoir, Voltaire, Chemin Vert – que foi a zona onde houve os atentados do Charlie Hebdo – está em pânico, contou o jornalista à agência Lusa.

O bairro estava cheio porque hoje é sexta-feira à noite, havia muita gente na rua”, acrescentou.

Daniel Ribeiro contou que estava na Praça Voltaire “quando começa a haver polícia e ambulâncias por todo o lado e a ouvir-se o tiroteio”, pelo que “os bares todos fecharam as cortinas de ferro” e colocaram os clientes no interior”, incluindo ele que estava na esplanada. “Eu vim para casa encostado aos muros enquanto eles não puseram o cordão de segurança”, descreveu.

Também João Heitor, o proprietário do café cultural Lusofolie’s, perto da Praça da Bastilha, estava a cinco minutos do local quando a esposa lhe ligou para fechar o estabelecimento: “Tenho lá um estudiozinho e ia lá dormir. Estou a cinco minutos do Bataclan, está tudo cheio de polícia. Vou tomar o café ao Bataclan geralmente. É perto do Charlie Hebdo”, contou.

João Heitor ainda não sabe se irá dormir ao estúdio esta noite até porque o bairro está circunscrito pela polícia.

A Lusa falou também com Hermano Sanches Ruivo, vereador na Câmara de Paris, que falou “em situação dramática” mas que estava a deslocar-se para a Câmara para ter mais informações.

Armindo Faria está ainda no Estádio de França onde foi cobrir o jogo de futebol França-Alemanha para a Rádio Alfa e também contou à agência Lusa que “as pessoas entraram em pânico“.

“Neste momento as pessoas encontram-se ainda bloqueadas no Estádio de França. As pessoas estão com receio de sair para fora do estádio. Penso que houve uma explosão a dez minutos do começo do encontro, passados dez minutos mais outra explosão”, descreveu.

O jornalista disse ainda que a polícia avisou que “as pessoas podiam sair pela parte do norte e não pela parte do sul, só que houve pessoas que disseram que estava uma pessoa armada e as pessoas começaram a entrar pelo estádio”.

“Só vi as pessoas a entrar, as crianças a gritar, a chorar. As pessoas entraram em pânico porque havia helicópteros, havia polícia e as pessoas entraram em pânico e invadiram o estádio. Ainda estou no estádio mas as pessoas já estão a começar a sair”, descreveu.

Os ataques registados hoje à noite em Paris provocaram pelo menos 60 mortos.

/Lusa

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