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Tecnologia “made in” Bragança quer inovar mercado da radiodifusão

SRI / wikimedia

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Um técnico de emissores de radiodifusão de Bragança já percorreu dois milhões de quilómetros a tratar de antenas, o equivalente a 50 voltas ao Mundo, muitas vezes para carregar apenas num botão e devolver a emissão às rádios.

Depois de 24 anos permanentemente de plantão, Rui Paulo Pereira inventou um dispositivo que promete revolucionar a resolução de problemas remotamente, reduzindo custos e falhas de emissão às rádios.

Com a parceria do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), a invenção transformou-se em inovação e na primeira patente criada no Gabinete de Empreendedorismo da instituição transmontana de Ensino Superior.

Alarm Box” é o nome com ambiciona internacionalizar a tecnologia “made in Bragança” e que espera estar a comercializar “dentro de um ano”, tendo já feito demonstrações a “quase todas as rádios nacionais” e a uma empresa espanhola do setor.

“A reação é de alguma surpresa por um equipamento “made in Portugal barra Bragança com estas características”, contou à Lusa Rui Paulo Parreira, que espera também conquistar mercado além-fronteiras.

“No mundo há milhares de rádios, a minha maior expectativa é em relação aos mercados do Brasil, Espanha e França”, afirmou.

O que diferencia este dispositivo do que já existe no mercado?: “o meu faz tudo, os outro fazem uma coisa cada um”, garantiu.

Segundo explicou à Lusa, o mecanismo consiste em colocar um equipamento no centro emissor que comunica com o técnico através de uma aplicação Android desenvolvida para o efeito e que permite resolver falhas através de um simples SMS.

Uma equipa de informática e eletromecânica do IPB deu “andar à ideia”, acrescentando-lhe a componente da inteligência artificial”, como explicaram à Lusa os três envolvidos Pedro Rodrigues, Getúlio Igrejas e David Branco.

A investigação procurou dar resposta “às necessidades de controlar remotamente” e uma das inovações que o equipamento apresenta é que “consegue fazer a análise do áudio e averiguar se está a funcionar erraticamente, ou seja não só se ficar sem emissão, mas também se houver ruído”.

Rui Paulo admite que com esta invenção “pode estar a reduzir emprego” para técnicos como ele, mas “por outro lado cria emprego” nas empresas que espera venham a construir o equipamento.

Não tem dúvidas é de que, além de reduzir os custos das empresa de radiodifusão, o facilitará sobretudo a vida aos profissionais que vão continuar a ser necessários para a manutenção dos centros emissores.

O técnico lembrou que chegou a ir de Bragança ao Algarve “para, em apenas uns minutos, fazer “reset” num botão”.

“Poupa não ter que ir lá e as estações emissoras não ficarem sem emissão”, observou.

Nos 24 anos que leva de profissão, já perdeu a conta às vezes que escalou antenas com dezenas de metros por todo o país, mas somou os quilómetros que calcorreou: “dois milhões no total”.

Trabalha “sozinho desde os 18 anos, dias sucessivos com poucas horas de sono”. Só tira “uma semana de férias por ano”.

Inventou o novo equipamento para lhe facilitar a vida, mas com o qual quer também deixar marca no mercado da radiodifusão e criar um novo negócio numa altura em que a crise também afecta o sector.

Chegou a fazer a manutenção de 70 antenas por todo o país. Actualmente tem “pouco mais de 20”. Umas fecharam, outras foram absorvidas por emissoras nacionais de grandes grupos de Comunicação Social.

/Lusa

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