Tabaré Vázquez regressa à presidência do Uruguai

Frente Amplio (FA) / Flickr

Tabaré Vázquez, presidente do Uruguai

Tabaré Vázquez, recém-eleito presidente do Uruguai

O oncologista Tabaré Vázquez, de 74 anos, será o próximo presidente do Uruguai, a partir de 1 de março de 2015.

Com todas as mesas de voto apuradas, o favoritismo do candidato da coligação de esquerda, pertencente à Frente Ampla de José “Pepe” Mujica, foi confirmado por 53,6% dos eleitores, segundo dados do Tribunal Eleitoral uruguaio.

O candidato da oposição, Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, registou 41,1% da preferência dos eleitores.

Tabaré Vázquez foi o primeiro presidente de esquerda do Uruguai, entre 2005 e 2010, depois de 174 anos de governo dos partidos Colorado e Nacional.

Sua nova gestão será sob vários ângulos um governo de continuidade não só em relação às políticas impulsionadas por Mujica – como o aprofundamento da redução da pobreza e a discussão e aprovação de uma agenda de direitos civis – mas também no que toca a novos compromissos relacionados com a situação atual do Uruguai, com ligação direta a parte do legado deixado por Vázquez na sua primeira gestão.

Educação e segurança

Educação e segurança estão entre as principais preocupações dos uruguaios, segundo as sondagens aos eleitores.

O novo presidente assinalou que irá impulsionar um “pacote de leis” – sem entrar em detalhes – em que esses dois temas devem estar presentes.

“O Uruguai de hoje não é nem o de 2005 nem o de 2010. Surgem novas exigências e desafios”, disse o presidente eleito em seu discurso de vitória na noite de domingo, em um hotel no centro de Montevidéu.

No seu mandato anterior, Vázquez instituiu nas escolas públicas o Plano Ceibal, um projeto de informatização para crianças e adolescentes que serviu de modelo para outros países e foi uma das principais marcas do seu governo.

No discurso, o recém-eleito presidente também acenou a uma construção de “pontes” com a oposição e disse que convocará um “grande encontro nacional”, afirmando ainda a necessidade de “acordos entre todos os setores, num diálogo produtivo e sem preconceitos”.

Poder real e simbólico

A Frente Ampla governará com maioria parlamentar e com José “Pepe” Mujica como senador eleito. O partido de Mujica, o MPP – Movimento de Participação Popular -, foi o mais votado nestas eleições.

Por sua vez, com as eleições de ontem, Vázquez entra para a história como o presidente mais votado dos últimos 70 anos, o que significa que a força de esquerda contará com apoio real e simbólico para aprovar seus projetos na Câmara dos Deputados e no Senado.

Dentro desse cenário, Mujica “continuará a ter força e a ter que ser consultado”, avalia o analista político Álvaro Padrón.

Para o historiador uruguaio Gerardo Caetano, “um terceiro governo da Frente Ampla com maioria representa a consolidação de uma grande transformação política”.

O primeiro programa de governo de Tabaré Vázquez, em 2005, foi de reconstrução nacional – o Uruguai vinha de uma grave crise, iniciada em 2002, com 40% da população abaixo da linha de pobreza.

“Agora, o caminho é mais exigente e apresenta a necessidade de outro tipo de reformas estruturais, o que vai obrigar a esquerda a cumprir mudanças vinculadas com o desenvolvimento.”

Dois projetos que já foram anunciados e que devem ganhar espaço no debate público nos próximos dias são o de regulação dos meios de comunicação – com a previsão de medidas de regulação económica, de estabelecimento de cotas mínimas para a produção nacional e proibição de propaganda durante a programação infantil, entre outras – e a implantação de um Sistema Nacional de Cuidados, um conjunto de medidas estatais e privadas com o objetivo de ajudar no cuidado doméstico de crianças e idosos.

ZAP / BBC

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