Sophia vai ter um lugar no Panteão

Carlos Botelho / Wikimedia

Sophia de Mello Breyner Andresen

Sophia de Mello Breyner Andresen

A Assembleia da República aprovou hoje por unanimidade a concessão de honras de Panteão Nacional aos restos mortais de Sophia de Mello Breyner Andersen, assinalando os dez anos da morte da escritora e os quarenta anos do 25 de Abril.

No projeto de resolução lê-se que a concessão de honras de Panteão Nacional a Sophia de Mello Breyner Andersen é uma forma de homenagear “a escritora universal, a mulher digna, a cidadã corajosa, a portuguesa insigne” e uma evocação do seu exemplo de “fidelidade aos valores da liberdade e da justiça”.

Segundo o diploma será agora constituído um grupo de trabalho, composto por representantes de cada grupo parlamentar, com “a incumbência de determinar a data, definir e orientar o programa da trasladação, em articulação com as demais entidades públicas envolvidas”. As informações divulgadas no início do ano  indicavam que o corpo poderia ser trasladado no dia 25 de abril, ao completarem-se 40 anos desde a revolução dos cravos, ou em 2 de julho, no 10º aniversário da morte da escritora.

“Grande poeta, cidadã exemplar, portuguesa ilustre, europeia consciente, Sophia de Mello Breyner Andresen foi uma das grandes figuras do nosso tempo. Na sua vida e na sua obra, há uma grandeza de ideais, de valores e de qualidades em que o país se reconhece e em que a democracia se revê”, é referido no projeto de resolução agora aprovado e que foi subscrito por todas as bancadas parlamentares.

Nascida no Porto, Sophia de Mello Breyner Andresen, de origem dinamarquesa pelo lado paterno, foi a segunda mulher a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.

A escritora foi co-fundadora da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, durante a ditadura, e, após o 25 de Abril, foi eleita deputada à Assembleia Constituinte.

Quem está no Panteão?

O Panteão Nacional, localizado em Lisboa na Igreja de Santa Engrácia, em Santa Clara, acolhe os túmulos de grandes personalidades da história portuguesa.

Entre as figuras ilustres aí sepultadas, encontram-se sobretudo presidentes da República e escritores, além do general Humberto Delgado e de Amália Rodrigues, a única mulher presente. É a estes nomes, portanto, que se irá juntar a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen e, eventualmente, o jogador de futebol Eusébio.

Atualmente, as personalidades sepultadas no Panteão Nacional são:

  • Almeida Garrett, escritor e político (1799-1854), trasladado em 1966
  • Guerra Junqueiro, escritor (1850-1923), trasladado em 1966
  • João de Deus, escritor (1830-1896), trasladado em 1966
  • Óscar Carmona, presidente da República (1869-1951), trasladado em 1966
  • Sidónio Pais, presidente da República (1872-1918), trasladado em 1966
  • Teófilo Braga, presidente da República (1843-1924), trasladado em 1966
  • Humberto Delgado, opositor ao Estado Novo (1906-1965), trasladado em 1990
  • Amália Rodrigues, fadista (1920-1999), trasladada em 2001
  • Manuel de Arriaga, presidente da República (1840-1917), trasladado em 2004
  • Aquilino Ribeiro, escritor (1885-1963), trasladado em  2007

Além das sepulturas, é possível encontrar também memoriais de heróis da História de Portugal, tais como Nuno Álvares Pereira, o Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral, Luís de Camões, Vasco da Gama e Afonso de Albuquerque.

Em Coimbra, o Mosteiro de Santa Cruz, que também tem o estatuto de Panteão Nacional, acolhe os túmulos dos dois primeiros reis de Portugal: D. Afonso Henriques e D. Sancho I.

ZAP / Lusa

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