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Sócrates já era há 1 ano o político mais visado em escândalos nos últimos 40 anos

José Goulão / Flickr

Ex-primeiro ministro e ex-líder do PS, José Sócrates

Ex-primeiro ministro e ex-líder do PS, José Sócrates

Em 40 anos de democracia, o ex-primeiro-ministro José Sócrates é o político mais visado em escândalos políticos na comunicação social, tanto em frequência de peças, como em número de casos, conclui uma tese de doutoramento da Universidade de Coimbra.

A tese, intitulada “A mediatização do escândalo político em Portugal no período democrático”, analisou o período de 25 de abril de 1974 a 25 de abril de 2014 a partir da cobertura de semanários de referência, além de ter identificado 99 casos de escândalo político e 126 protagonistas a partir da pesquisa e análise de 4.739 peças do “Expresso”, “O Jornal”, “O Independente” e “Sol”.

José Sócrates é o protagonista mais visado”, diz o autor da tese, Bruno Paixão.

Para este estudo, cuja análise terminou a 25 de abril de 2014, não foram abordados outros casos mediáticos, como a própria Operação Marquês, que envolve José Sócrates, a Tecnoforma, que visa Passos Coelho, ou o caso vistos Gold, que envolve Miguel Macedo.

Com maior número de peças, está Sócrates, seguido de Armando Vara (PS), Isaltino Morais (PSD), Leonor Beleza (PSD), Carlos Melancia (PS), Paulo Portas (CDS), Paulo Pedroso (PS), Costa Freire (PSD), Fátima Felgueiras (PS) e Duarte Lima (PSD).

No número de casos, volta a aparecer Sócrates, com nove casos, seguido de Armando Vara e Mário Lino (PS), com cinco casos, Paulo Portas, Duarte Lima, Paulo Penedos (PS) e Nobre Guedes (CDS), com quatro, e depois Miguel Relvas (PSD), Rui Pedro Soares (PS), Abel Pinheiro (CDS), Cavaco Silva (PSD) e Mário Soares (PS), com três.

Os ataques à justiça e aos media não devem ser desvalorizados. José Sócrates tanto tem amigos para a vida como inimigos para a vida e isso é percetível na forma como é tratado”, aponta Bruno Paixão.

O investigador frisa que num inquérito online que realizou para a tese, três semanas após a detenção de Sócrates, ao qual responderam 1.436 pessoas, apenas 4% dos inquiridos afirmaram achar que este estaria inocente.

O sistema judicial, “ao deixar que saiam informações em segredo de justiça para as páginas de jornais, permite que sejam feitos julgamentos mediáticos, independentemente do desfecho” em tribunal, sublinha o investigador.

“O maior desafio”, na sua perspectiva, centra-se na necessidade de se debater a forma como é fornecida informação por parte da justiça e os critérios utilizados para que esta seja transmitida.

“Terá de se pensar no segredo de justiça e tomar importantes decisões: ou se mantém e se pune quem o prevarica ou então abre-se o segredo de justiça”.

A tese foi realizada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Bom Dia

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