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Sines exige fim dos maus cheiros

Autarcas das diferentes forças políticas do executivo municipal de Sines exigem o empenho das autoridades competentes no combate aos surtos de maus cheiros que vão invadindo a cidade e investimentos para acabar com o problema.

Apesar de afirmar não possuir provas, o presidente socialista da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, disse à agência Lusa ter a “perceção” de que os odores que trazem a população inquieta provêm da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), instalada na zona de Ribeira de Moinhos e da responsabilidade da empresa Águas de Santo André (AdSA).

Os maus cheiros não são constantes na cidade, frisou o autarca, surgindo por episódios, quando o vento sopra de norte a noroeste, e, regra geral, durante a noite.

A situação mais recente ocorreu durante a primeira quinzena de março, que pode ter sido potenciada pelo início da paragem para manutenção da refinaria da Galp Energia, com um aumento da emissão de efluentes para a ETAR, equacionou Nuno Mascarenhas.

Desde então, o município tem promovido contactos com empresas locais, foi também já recebido na Procuradoria-Geral da República e deverá ser realizada, no início de maio, uma reunião, com o apoio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA), entre várias entidades com responsabilidades na matéria, incluindo a Agência Portuguesa do Ambiente.

Da AdSA, recebeu “a indicação de que irão ser feitos, já este ano, investimentos no sentido de minimizar estes impactos”.

O autarca socialista deseja que, além das intervenções anunciadas, sejam realizadas outras que, “de uma vez por todas, terminem com estes odores”, até porque, os “investimentos que estão previstos agora, há vários anos que deviam ter sido feitos”.

Marisa Santos, vereadora sem pelouros eleita pelo movimento independente Sines Interessa Mais (SIM), que liderou o executivo no anterior mandato, não teve dúvidas em apontar à Lusa a ETAR de Ribeira de Moinhos como responsável pelos episódios de odores desagradáveis na cidade.

Segundo a vereadora, no âmbito de um projeto de estudo ambiental levado a cabo no litoral alentejano (GISA), “foi estabelecido um nexo de causalidade direto entre a perceção de odores desagradáveis na cidade de Sines, que regra geral estão identificados como odores a hidrocarbonetos, e a ineficiência dos sistemas, quer de transporte, quer de tratamento, dos efluentes industriais”.

Tais conclusões foram corroboradas por um estudo de 2013 encomendado pela própria AdSA, mas que a empresa não remeteu formalmente à Câmara Municipal de Sines, afirmou a autarca do SIM, que na altura era vice-presidente.

Para Marisa Santos, é necessária uma intervenção “de fundo ao nível da ETAR”, lembrando que, quando o Estado concessionou o sistema de tratamento à AdSA, há cerca de 13 anos, foi assumido um compromisso de “investimento de oito milhões de euros”, que “não foi feito”.

O vereador da CDU, Helder Guerreiro, defende que as autoridades competentes “têm de agir” e classifica a situação que se vive em Sines como sendo “do terceiro mundo”.

“As pessoas não podem dormir, porque têm a casa invadida por um cheiro nauseabundo, que não se sabe quais são as implicações na sua saúde”, afirmou à Lusa.

O autarca não aponta responsáveis, pois não tem “prova nenhuma”, e considera que “há falta de investimento”.

A Lusa questionou a AdSA, solicitando também uma cópia do estudo referido por Marisa Santos, mas não obteve resposta.

O ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, confrontado pela Lusa esta semana numa deslocação à região, afirmou não ter informação sobre o assunto, mas prontificou-se a “verificar a questão”.

/Lusa

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