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Rocha de 2.500 anos revelou o nome de uma poderosa deusa etrusca

(dr) Mugello Valley Project

Investigadores norte-americanos traduziram uma inscrição em uma antiga pedra etrusca e descobriram uma referência a uma poderosa divindade, Uni, que sugere a possível existência de um culto subterrâneo na área dedicada à deusa há 2500 anos atrás.

Os cientistas acreditam que Uni é a equivalente etrusca da deusa grega Hera e da deusa romana Juno, provavelmente adorada como uma divindade da fertilidade e figura de mãe pelo povo do norte da Etruria, na Itália.

Segundo o autor principal do estudo, Gregory Warden, a menção à deusa Uni é parte de um texto sagrado que pode ser a mais longa inscrição etrusca de seu tipo já descoberta, e um dos três mais longos textos sagrados até agora.

O texto possui cerca de 120 letras legíveis e sinais de pontuação, e algumas palavras desconhecidas para a arqueologia moderna.

“Podemos, neste ponto, afirmar que esta é uma das mais importantes descobertas etruscas das últimas décadas”, diz Warden, investigador do Projeto Arqueológico do Vale Mugello e da Universidade Metodista do Sul no Texas, EUA, à Phys.org.

O texto, inscrito numa laje de pedra – ou estela – mede 1,2 por 0,6 metros e pesa 227 kg.

Datado do século 6 A.C., foi encontrado enterrado nas fundações do que foi outrora um templo monumental em Poggio Colla, um sítio arqueológico.

O local mantém várias camadas de habitação antiga etrusca, desde o século 7 A.C. até à altura em que terá sido abandonado ou destruído, no final do século 3 A.C.

A partir do período helenístico, marcado pela morte de Alexandre, o Grande em 323 A.C., os etruscos passaram de um povo que dominou a Itália durante 500 anos para uma civilização absorvida pelo Império Romano.

Para se ter uma ideia da riqueza do sítio arqueológico de Poggio Colla, há quase 5 décadas que os arqueólogos escavam o local por quase cinco décadas, e ainda estão a encontrar novos dados sobre práticas religiosas e literárias etruscas.

A identificação de Uni na estela está ligada à descoberta do nome Tinia, que era adorada pelos etruscos como uma divindade suprema, uma versão local do Zeus grego ou do Júpiter romano.

Uni era a esposa ou companheira de Tinia, e o santuário onde a estela foi descoberta parece ter-lhe sido dedicado – conclusão baseada na riqueza de ferramentas de tecelagem e jóias de ouro anteriormente descobertas no local.

Foram também encontrados no local fragmentos de um vaso de cerâmica que descreve uma cena de uma deusa dando à luz – a primeira cena conhecida de parto na arte europeia ocidental.

Os arqueólogos ligaram a menção de Uni à existência de um culto subterrâneo no santuário, com base na forma como a estela foi colocada nas fundações do templo.

Segundo os investigadores, cultos subterrâneos deste tipo eram frequentemente associados a divindades femininas.

Uma vez que o texto tenha sido traduzido, provavelmente viremos a saber muito mais sobre o que acontecia no local – há mais de dois milénios atrás.

ZAP / HypeScience

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