Rápida evolução torna espécies exóticas em verdadeiras pragas

Conny Sandland / Flickr

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Investigadores belgas e britânicos apresentaram este sábado a primeira evidência genética de que a rápida evolução pode ajudar espécies de plantas não-nativas a espalhar-se facilmente para novos ambientes, demonstrando que essa aptidão pode tornar espécies exóticas em verdadeiras pragas.

Usando amostras de análises de ADN de coleções de plantas com centenas de anos, os pesquisadores reconstruíram o processo de adaptação genética ocorrida num tipo de planta que normalmente cresce nas montanhas ao sul da Europa e que é particularmente prevalecente nos Pirenéus, uma cordilheira no sudoeste europeu.

As metamorfoses dessa espécie de planta ocorreram antes de sua rápida disseminação para Bélgica, onde a mesma foi reportada pela primeira vez, a 1200 quilómetros ao norte do seu habitat.

d.r. kuleuven.be

Katrien Vandepitte, investigadora da KU Leuven

Katrien Vandepitte, investigadora da KU Leuven

Estima-se que as sementes destas plantas, cientificamente denominadas ‘Pyrenean rocket‘ (Sisymbrium austriacum subsp. Chrysanthum), tenham sido introduzidas na indústria da lã no século XIX, tendo-se posteriormente propagado para a Holanda.

A história da colonização destas espécies de plantas está bem documentada, diz a autora do estudo, Katrien Vandepitte, do grupo de pesquisa de Conservação das Plantas e Biologia Populacional, citado pelo ScienceDaily.

“Encontramos espécies secas do ‘Pyrenean rocket’ em ervários do séculos XIX e XX e estes foram capazes de isolar o ADN dessas amostras. Comparamos então este ADN com o perfil genético de amostras atuais da Bélgica e dos Pirenéus. Isso deu-nos uma oportunidade única para saber quando e como uma espécie exótica de plantas geneticamente se adapta a um novo ambiente”, diz Katrien Vandepitte.

A investigadora assinalou que a análise feita pela equipa de cientistas belgas e britânicos ao ADN mostra ainda que a variante belga geneticamente apropriou-se muito rapidamente, aproximadamente 20 gerações depois, o que “muito provavelmente” ajudou a planta a sobreviver e a espalhar no novo habitat.

“As nossas descobertas são importantes porque as provas que até agora suportam a hipótese de que plantas exóticas podem espalhar-se depois de um período de adaptação genética rápida têm sido muito escassas”, disse a bióloga.

Os resultados também sugerem que os estudiosos devem ser cautelosos com espécies “dissimuladas” de plantas não-nativas, porque “estas plantas podem estar presentes em pequenas quantidades durante anos, antes de se espalhar como resultado da adaptação genética, afirmou.

ZAP/Lusa

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