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Proteína que repara lesões de cancro dá prémio a cientistas portuguesas

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Tânia Rego / ABr

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Cientistas do Instituto de Medicina Molecular identificaram como funciona uma proteína com um papel importante na reparação de lesões do DNA que podem causar cancro, um trabalho que foi premiado pela Sociedade Portuguesa de Genética Humana.

O DNA das células “está constantemente exposto a lesões” que, se não forem reparadas, podem levar a mutações, o que se pretende evitar porque “vão dar origem a doenças”, como o cancro, disse  à agência Lusa Sílvia Carvalho, investigadora do iMM.

As investigadores concluíram que “esta proteína, para além da função já conhecida, é importante e necessária para reparar este tipo de lesões no DNA”, que podem ser provocadas pelo desgaste celular normal, pela exposição a agentes químicos ou a radiação ultravioleta, avançou a cientista, que desenvolveu o trabalho pelo qual é premiada juntamente com Alexandra Vítor.

Se a proteína, chamada de SETD2, estiver mutada e ausente numa célula, “estas lesões não vão ser reparadas tão eficientemente e vamos ficar com quebras no DNA”, explicou Sílvia Carvalho.

Os cientistas já sabiam que a proteína, habitualmente existente no organismo, estava muitas vezes mutada em alguns tipos de cancro, principalmente do rim.

A equipa, liderada por Sérgio de Almeida, tinha como objetivo entender o papel da proteína SETD2 pois, “se está muitas vezes mutada em cancros, é porque dá uma vantagem aos cancros” de se desenvolverem, por isso, estudaram como a SETD2 ajuda a suprimir aquela doença, ou seja, “o seu papel enquanto gene supressor de tumores”.

Assim, a análise dos cientistas centrou-se no papel da proteína no mecanismo normal da célula que ajuda a prevenir a formação e evolução do cancro.

“Como ajuda a prevenir o cancro, se não estiver presente permite que o cancro se desenvolva mais agressivamente”, sintetizou a investigadora.

Este trabalho vem dar mais um contributo para o conhecimento da forma como o cancro se instala no organismo e como se desenvolve, elementos que depois podem ser utilizados por outros especialistas para tentar chegar a modos de prevenção ou a terapias de combate da doença.

A presidente da Sociedade Portuguesa de Genética Humana, Margarida Reis Lima, anunciou hoje a atribuição do prémio da entidade ao projeto intitulado “SETD2 is required for DNA double-strand break repair and activation of the p53-mediated checkpoint”.

O Prémio Nobel da Química 2015 foi este ano atribuído aos estudos dos mecanismos da reparação do DNA e, assim, este trabalho integra-se numa área de investigação científica em destaque a nível internacional.

/Lusa

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