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Programa de redução do abandono escolar português tem sucesso lá fora

Wilson Dias / ABr

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O programa de redução do abandono escolar precoce criado pela EPIS conseguiu já que centenas de jovens em risco tivessem melhores notas e passassem de ano lectivo, tendo sido agora testado com sucesso no estrangeiro.

Empenhada em ajudar os alunos em perigo de abandonar a escola, a associação EPIS – Empresários Pela Inclusão Social lançou um programa, em 2007, que consiste em ter uma equipa de mediadores disponíveis para apoiar os estudantes desde os seis aos 24 anos.

Entre 2010 e 2012, a taxa de aprovação dos 2.451 alunos do projecto EPIS aumentou oito pontos percentuais, conseguindo que 68,2% dos estudantes passassem de ano. No total, surgiram “209 novos bons alunos em 2012”, segundo dados avançados à Lusa pelo director geral da EPIS, Diogo Simões Pereira.

No ano seguinte, o programa de redução do abandono escolar chegou a 1.659 alunos e a taxa de aprovação aumentou nove pontos percentuais: em 2013, “surgiram mais 147 novos bons alunos”.

Além de haver mais alunos a conseguir passar de ano, as notas também melhoraram nos últimos três anos lectivos, com as negativas a baixar (de 27,8% em 2010/2011 para 27% em 2012/2013) e as boas notas a subir: as notas com quatro valores passaram de 13% para 15,7% e os alunos de cinco valores passaram de 1,8% para 3%.

“Na maior parte das vezes, não é por falta de capacidades cognitivas que os problemas acontecem. E, por isso, existe esta intervenção complementar à escola e aos professores”, resumiu Diogo Simões.

Além do trabalho desenvolvido nas escolas pelos professores, os mediadores ajudam os alunos a desenvolver outras capacidades, desde saber estudar e fazer apontamentos até a ter um plano de vida e ambições.

“Há um conjunto de mediadores que tem uma carteira de alunos que acompanha e desenvolve um plano de trabalho com cada aluno”, disse à Lusa o director geral da EPIS, Diogo Simões Pereira, lembrando que “muitos destes miúdos não têm ambições nem planos de vida e muitas vezes é por aí que começa o trabalho dos mediadores”, que são psicólogos ou docentes.

O programa tem sido aperfeiçoado e, no ano passado, foi testado em três novos países – Hungria, Reino Unido e Eslovénia – com o apoio da União Europeia. Em Portugal, o projecto RESLEA – Redução do Abandono Escolar Precoce de Jovens realizou-se na escola da Apelação, em Loures, onde estiveram quatro mediadores a apoiar cerca de 30 alunos.

Na quinta-feira serão apresentados os resultados deste programa que, tal como no estrangeiro, foi testado em alunos com mais de 15 anos de cursos profissionais: “Em Portugal, os resultados estão em linha com o que se atingiu noutras escolas”, disse à Lusa Diogo Simões Pereira, sublinhando que os resultados conseguidos no estrangeiro “é a confirmação de que este tipo de abordagem funciona noutros países”.

Desde que foi criado, o programa já foi experimentado por mais de 12 mil alunos de 30 concelhos portugueses e a EPIS espera agora que ele chegue a muito mais escolas estrangeiras, através de apoios financeiros da União Europeias.

“Este programa está pensado para jovens em risco de não terminar os 12 anos de escolaridade obrigatória. Claro que não é possível levar ninguém ao colo, mas podemos motivar para a educação. Não conseguimos com todos, mas com os que conseguimos já é uma mudança”, concluiu.

/Lusa

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