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Professores chineses querem tirar o marxismo da gaveta

(dr) CPI(M-L)

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Os estudantes de Economia chineses estão a ser vítimas de uma “lavagem cerebral com teorias ocidentais” e precisam de ler mais sobre o marxismo, defende um grupo de professores universitários.

Numa altura em que a China está a encetar uma transição no seu modelo económico, prevendo “dolorosas” reformas no setor estatal, aquele documento apela a que as licenciaturas em economia lecionadas nas universidades do país sejam compostas, “pelo menos em metade”, por teorias marxistas.

Caso contrário, os estudantes tornar-se-ão “nos coveiros do sistema económico socialista“, argumentam numa ?carta enviada ao ministério da Educação do país.

Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013, os órgãos de comunicação e o meio académico do país têm sido instigados a opor-se aos “valores ocidentais”.

No ano passado, o ministro da Educação da China, Yuan Guiren, disse que vão ser elaboradas diretrizes escolares para “colocar o marxismo na vanguarda” e que serão proibidos nos campus universitários os livros que difundam pontos de vista ocidentais “errados”.

“É na sua essência uma luta de classes ideológica em que a classe burguesa entra em confronto com o proletariado no setor do ensino”, afirmou um dos coautores da carta ao jornal oficial Global Times.

“Como é que uma universidade socialista se permite educar pessoas para que estas se tornem os coveiros do sistema económico socialista”, questionou.

Como em outros momentos da campanha ideológica chinesa contra os “valores ocidentais”, não é explicado se Karl Marx, um filósofo revolucionário nascido na Alemanha e que passou grande parte da vida em Inglaterra, deve ou não ser considerado “ocidental”.

A recente revisão do material didático para o ensino primário e secundário na China tem sido também alvo de debate, com alguns analistas a considerar que o novo formato reflete os novos tempos, enquanto críticos dizem que omite a herança revolucionária do Partido Comunista Chinês e a importância do patriotismo.

Segundo o ministério da Educação chinês, a revisão excluiu 40% do conteúdo que constava do material didático antigo.

Entre o teor substituído faz parte um conto sobre um homem que pune um “desordeiro rico”, espancando-o até à morte, ou um exercício que propõe aos estudantes imaginarem o que é ser um míssil balístico intercontinental.

Segundo a sua Constituição, a China é “um Estado socialista, liderado pela classe trabalhadora e assente na aliança operário-camponesa”.

Porém, desde 1978, o país abriu-se ao capitalismo e à iniciativa privada, experimentando um crescimento económico de quase 10% ao ano, em média, num “milagre” sem precedentes na História moderna.

/Lusa

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