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Primeiros autocarros com migrantes deixam Selva de Calais

Os migrantes que residem no campo conhecido como a ‘selva’ em Calais, no norte de França, reuniram-se esta segunda-feira no ponto de encontro determinado pelas autoridades para dar início à evacuação do espaço, avança a agência de notícias AFP.

O grupo apresentou-se pelas 06:00 (05:00 em Lisboa) com malas e mochilas junto do armazém que está a servir como centro das operações que pretendem transportar entre seis mil e oito mil migrantes para centros de acolhimento em todo o país.

Esta operação, prometida há várias semanas pelo governo socialista, acentuou a polémica sobre o acolhimento dos migrantes em França, a alguns meses das eleições presidenciais – e suscitou também tensões entre Paris e Londres.

A última estimativa oficial refere-se a 6.400 pessoas na “selva” de Calais.

Segundo o Guardian, às primeiras horas da manhã já tinham saído do campo dez autocarros, com destino a Paris, Lyon ou Marselha.

No total, 145 autocarros deverão assegurar o transporte dos migrantes em direção a 287 centros de acolhimento.

Espera-se que as operações de evacuação do campo durem três dias, após os quais o bairro de lata – um dos maiores da Europa – será destruído.

“Estou muito contente, estou farto da ‘selva'”, disse Abbas, de 25 anos, do Sudão.

“Há muita gente que não se quer ir embora. Pode haver problemas mais tarde. É por isso que vim primeiro”, explicou.

O campo, situado num terreno baldio perto do porto de Calais, onde os migrantes estabeleceram acampamentos durante mais de uma década, tornou-se um símbolo da incapacidade de França de resolver a pior crise migratória da sua história pós-guerra.

As agências humanitárias alertaram que alguns migrantes podem resistir a um realojamento e mais de 1.200 agentes foram destacados para prevenir distúrbios.

O encerramento do campo pretende atenuar as tensões na zona de Calais, onde confrontos entre a polícia e os migrantes, que tentam subir clandestinamente para camiões que se dirigem ao Reino Unido, são quase diários.

“Teremos sucesso neste desafio humanitário”, prometeram os ministros do Interior, Bernard Cazeneuve, e da Habitação, Emmanuelle Cosse, enquanto as ONG no terreno alertaram contra os riscos de “catástrofe” de uma operação precipitada.

O destino de 1.290 menores que se encontram isolados no campo constitui um dos aspetos mais complexos desta operação, com muitos a referirem pretender alcançar o Reino Unido, onde dizem ter familiares.

ZAP / Lusa

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