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Entre o “poucochinho que foi feito” e o “muitíssimo por fazer”

António Cotrim / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a tradicional mensagem de Ano Novo

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a tradicional mensagem de Ano Novo

O Presidente da República descreveu este domingo, no seu discurso de primeiro dia do ano, em Lisboa, o ano de 2016 como o da “gestão do imediato” e desejou mais “crescimento económico” em 2017, reconhecendo “pequenos passos”, mas “muito por fazer”.

“2016 foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro. 2017 tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado. Aprendendo a lição de que, no essencial, tivemos sucesso quando nos unimos“, disse Marcelo Rebelo de Sousa, na sala das bicas do Palácio de Belém.

Na sua primeira comunicação ao país por ocasião do Ano Novo, o Chefe de Estado considerou “indesmentível” a existência de “estabilidade social e política”, salientando o acordo sobre o salário mínimo, a aceitação de dois Orçamentos do Estado pela União Europeia, o cumprimento das obrigações internacionais, o reforço do sistema bancário e a compensação a alguns dos mais atingidos pela crise.

“Quer isto dizer que demos passos – pequenos que sejam – para corrigir injustiças e criámos um clima menos tenso, menos dividido, menos negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando o espetro da crise política iminente, de fracasso financeiro, de instabilidade social que, para muitos, era inevitável. Tudo isto foi obra nossa – nossa, de todos os portugueses. No entanto, ficou muito por fazer“, vincou.

Apesar de um “balanço positivo”, Rebelo de Sousa lamentou o crescimento da economia “tardio e insuficiente”, os cortes de financiamento em “domínios sociais”, a dívida pública “muito elevada” e o sistema de justiça “lento”.

O caminho para 2017 é muito simples – não perder o que de bom houve em 2016 e corrigir o que falhou no ano passado. Não perder estabilidade política, paz e concertação, rigor financeiro, cumprimento de compromissos externos, maior justiça social, formação aberta ao mundo, proximidade entre poder e povo”, defendeu.

O Presidente da República declarou ser necessário “completar a consolidação do sistema bancário, fomentar exportações, incentivar investimento, crescer muito mais, melhorar os sistemas sociais, mobilizar para o combate, sobretudo, à pobreza infantil e curar de uma Justiça que possa ser mais rápida e, por isso, mais justa”.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância da visita do papa Francisco a Fátima, em maio, e as celebrações que se avizinham dos 40 anos sobre a igualdade entre mulher e homem, na família e no Código Civil e dos 150 anos de abolição da pena de morte.

“Numa palavra, aumentámos o nosso amor-próprio como nação e ganhámos fôlego na formação para um novo tempo, com a Cimeira “WebSummit”, e em vitórias, por natureza, raras – de que o Euro 2016 foi feliz exemplo – e na afirmação do nosso papel no mundo, com a eleição aclamatória de António Guterres como secretário-geral da ONU”, resumiu.

PS diz que há “muitíssimo para fazer” em 2017

O PS considerou que, na sua mensagem de Ano Novo, Marcelo Rebelo de Sousa foi “muitíssimo claro: fizemos muito do que tínhamos para fazer, temos muitíssimo para fazer”.

“O PS tem perfeita consciência de que 2016 não foi um ano em que por milagre tivéssemos resolvido todos os problemas do país, temos de continuar e a mensagem do senhor Presidente da República sublinha essa continuidade, as condições para essa continuidade”, declarou Porfírio Silva, em declarações aos jornalistas na sede do PS.

O PS está firmemente empenhado em acompanhar a mensagem do senhor Presidente da República”, acrescentou o membro do secretariado nacional.

“O Partido Socialista saúda a determinação evidenciada pelo Presidente da República em contribuir para um clima de serenidade e de paz social, tão importante para que nos mobilizemos todos para que 2017 seja mais um ano de trabalho consequente em prol do progresso e do desenvolvimento do país”, afirmou.

PSD destaca “poucochinho” feito por PS

O dirigente do PSD Matos Correia sublinhou este domingo o “poucochinho” feito pelo Governo PS até agora, ao comentar o discurso de Ano Novo do Presidente da República, rejeitando ainda que os sociais-democratas sejam responsáveis pela crispação política.

“Haverá quem faça essa leitura e quem achasse que havia uma crise iminente”, afirmou, na sede nacional do PSD, em Lisboa.

“O que nós sempre dissemos e dizemos é que era possível fazer bastante melhor que o poucochinho que foi feito e que as políticas que defendemos e continuaremos a apresentar aos portugueses permitiriam ao país ter um caminho de sucesso muito maior do que o conseguido por este Governo”, acrescentou.

“Destaco, em particular, a referência que o presidente  fez à necessidade de o país substituir a gestão no imediato pela gestão a prazo dos problemas fundamentais com que é confrontado”, disse o responsável social-democrata.

“O Presidente fez alusão a alguns deles: o crescimento económico anémico com que o país se debate, a questão da lentidão do sistema judicial e a dívida pública, que mantém níveis extremamente elevados”, acrescentou Matos Correia.

// Lusa

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