Portugueses desenvolvem primeiro aerogel em spray para isolar foguetões

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Aerogel, também conhecido como "fumo congelado"

Aerogel, também conhecido como “fumo congelado”

O primeiro aerogel em spray do mundo, gerado pela Active Aerogels com base nos materiais desenvolvidos em conjunto com uma equipa de investigadores de Coimbra, vai ser apresentado publicamente no Canadá.

O novo aerogel, que permite a “impermeabilização das superfícies mais complexas” e que, numa fase imediata, está dimensionado para isolar foguetões, vai ser “apresentado publicamente no mais importante congresso mundial do sector espacial”, o International Astronautical Congress, a decorrer entre 29 de setembro e 3 de outubro, em Toronto, no Canadá, anunciou a Universidade de Coimbra (UC).

Desenvolvido pela Active Aerogels, empresa criada na incubadora do Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, em conjunto com uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, esta “revolucionária técnica de isolamento térmico permite a impermeabilização das superfícies mais complexas e estranhas que se possa imaginar”, afirma Bruno Carvalho, da Active Aerogels.

Mas, numa fase imediata, a nova técnica está dimensionada para “o isolamento de foguetões ou naves espaciais e para aplicações criogénicas, porque suporta pressões e temperaturas impensáveis”, sublinha Bruno Carvalho, citado numa nota distribuída pela UC.

“Nos vários testes efetuados, entre os 250 graus celsius negativos e os 200 graus celsius positivos, todas as propriedades se mantiveram intactas”, adianta o responsável, sustentando que “este aerogel em partículas é, sem dúvida, o isolamento do futuro”.

Por isso, acrescenta Bruno Carvalho, “decidiu-se fazer o lançamento público no congresso internacional de astronáutica”, onde estarão todas as agências espaciais e “os mais reputados académicos e empresários do setor espacial do mundo”.

O isolamento do futuro

Sucedâneo de uma nova geração de aerogéis, com “propriedades super-isolantes”, também inventada e patenteada por investigadores da UC e da Active Aerogels, a médio prazo, o aerogel em spray “poderá substituir as tradicionais espumas de isolamento térmico utilizadas na construção civil”, sustenta Bruno Carvalho.

“Estamos a explorar novos mercados e aplicações e à procura de parcerias financeiras para tornar possível a produção em massa”, assegura Bruno Carvalho, adiantando que “o objetivo é democratizar o uso deste novo material com propriedades únicas”.

Semelhante à confeção de gelatina, o aerogel é obtido a partir da mistura de reagentes que formam um gel, sendo, posteriormente, o líquido extraído por um processo exclusivo de secagem para garantir extrema leveza, densidade mínima e grande flexibilidade do material, explica a UC.

Além de possuir uma “excelente condutividade térmica” (isolamento), o aerogel desenvolvido em Coimbra é “hidrofóbico (repele a água)”, garantindo uma “longevidade muito maior em relação aos materiais isolantes existentes no mercado, que se deterioram facilmente”.

A investigação que deu origem a este “inovador aerogel” foi iniciada em 2006, já tendo sido investidos mais de 1,5 milhões de euros, suportados pela Agência Espacial Europeia, pelo QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) e por receitas próprias.

/Lusa

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