Polícia científica não confirma identidade do maquinista português

Salvador Sas / EPA

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O corpo do maquinista português falecido no acidente ferroviário na Galiza (Espanha) pode não ser trasladado esta terça-feira para Portugal, uma vez que a polícia científica espanhola não confirma a identificação do corpo com os documentos enviados pelas autoridades portuguesas.

Na segunda-feira, fonte oficial do tribunal tinha dito à agência Lusa que o consulado de Portugal em Vigo tinha enviado o documento de identificação oficial, o que permitiria a verificação da identidade e a entrega do corpo para trasladação ainda hoje.

No entanto, durante a verificação feita hoje de manhã, a polícia científica espanhola não conseguiu confirmar a identidade do corpo do maquinista com os documentos enviados pelas autoridades consulares portuguesas.

A documentação enviada “não permite identificar oficialmente o corpo”, devido a questões relacionadas com impressões digitais, pelo que as autoridades consulares terão de enviar nova documentação, precisou a fonte do tribunal.

O comboio, que fazia o trajeto Vigo-Porto, descarrilou às 9h25 de sexta-feira (8h25 em Lisboa), com mais de 60 passageiros e tripulação a bordo.

Morreram no acidente o maquinista de nacionalidade portuguesa, natural de Ermesinde, um turista norte-americano e o revisor do comboio e o maquinista estagiário, ambos espanhóis, cujos funerais já se realizaram no domingo.

Cerca de meia centena de passageiros ficaram feridos no acidente, no qual um dos vagões ficou completamente tombado e outros dois semi-tombados.

Técnico diz que “tudo aponta para excesso de velocidade”

Um técnico da comissão de investigação de acidentes ferroviários, Edmundo Parras, indicou hoje que “tudo aponta para excesso de velocidade” como causa do acidente ferroviário de sexta-feira em O Porriño, em Pontevedra, Galiza.

À entrada do tribunal de O Porriño (Pontevedra, Galiza, Noroeste de Espanha) – onde esta manhã foram abertas as caixas negras do comboio – Parras explicou que a função da comissão a que pertence não é “encontrar culpados”, mas investigar “as fraquezas e debilidades” do sistema ferroviário, sublinhando que a investigação do órgão que integra é independente da investigação judicial.

As caixas negras do comboio serão abertas na presença de representantes da CP, da Renfe e das gestoras das redes ferroviárias de ambos os países, a portuguesa Refer e a espanhola Adif.

O equipamento recuperado do sinistro regista as velocidades do comboio, as distâncias e os sinais que recebeu.

No entanto, não grava sons nem conversações na cabina do maquinista, apenas as comunicações com o posto de comando de Ourense, segundo explicou na segunda-feira o presidente do comité de empresa da Renfe em Pontevedra, Luis Mariano de Isusi.

A CP e a Renfe operaram conjuntamente a linha Vigo-Porto desde 2011. Responsáveis de ambas as empresas asseguraram que o comboio tinha sido alvo de revisões recentes.

Também admitiram que na zona do acidente havia obras na linha, pelo que o comboio teve de passar por uma linha secundária, o que exigia uma diminuição de velocidade.

ZAP / Lusa

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