Paracetamol na gravidez pode aumentar riscos de ter filhos autistas e hiperactivos

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O paracetamol é usado por grávidas de todo o mundo, por ser alegadamente um medicamento pouco prejudicial para a saúde dos bebés. Mas um novo estudo vem contrariar essa ideia, concluindo que pode aumentar o risco de as crianças sofrerem de sintomas de autismo e de hiperactividade.

Um novo estudo, publicado no International Journal of Epidemiology, concluiu que a exposição ao paracetamol durante a gravidez “pode aumentar os sintomas do espectro do autismo” nos rapazes.

Segundo o estudo, o uso de paracetamol na gravidez pode também “ser prejudicial para as funções de atenção” e está associado a um “risco maior de sintomas de hiperactividade/impulsividade nos filhos” de ambos os géneros.

Um estudo anterior, publicado em fevereiro no mesmo jornal, já tinha apurado que as crianças que tomam paracetamol correm um risco maior de desenvolver asma.

De acordo com a nova pesquisa, nos rapazes há um aumento de 30% no risco de o paracetamol prejudicar algumas funções relacionadas com a atenção e ainda um aumento no aparecimento de dois sintomas clínicos relacionados com o autismo.

Os resultados diferenciados em termos de género podem ser explicados pelo facto de os cérebros masculinos serem “mais sensíveis”, explica a investigadora espanhola Claudia Avella-Garcia, autora principal do estudo, ao Alpha Galileo.

O cérebro masculino pode ser mais vulnerável a influências prejudiciais durante os primeiros anos de vida”, constata a investigadora do Centro de Barcelona para a Pesquisa em Epidemiologia Ambiental.

A investigação contou com a participação de 2.644 mães que foram acompanhadas durante a gravidez. 88% foram reavaliadas quando os seus filhos completaram um ano de idade e 79.9% quando as crianças fizeram 5 anos.

As conclusões indicaram que 43% das crianças com 1 ano de idade e 41% das que tinham 5 anos foram expostas a paracetamol durante as primeiras 32 semanas de gravidez. E entre as de 5 anos expostas à substância, verificou-se maior risco de sintomas de hiperactividade e de impulsividade.

As crianças que revelaram maior exposição ao paracetamol, apresentaram especialmente problemas de défice de atenção, de impulsividade e de processamento visual num teste computorizado.

Paracetamol pode ser tóxico para os fetos

Perante estes resultados, Jordi Júlvez, co-autor do estudo e também investigador do CREAL, considera que “o paracetamol pode ser prejudicial para o desenvolvimento neurológico” porque “alivia a dor agindo em receptores de canabinóides no cérebro”.

“Como estes receptores ajudam, normalmente, a determinar como os neurónios amadurecem e se ligam uns com os outros, o paracetamol pode alterar estes processos importantes”, acrescenta.

“Também pode afectar o desenvolvimento do sistema imunitário ou ser directamente tóxico para alguns fetos que podem não ter a mesma capacidade que um adulto para metabolizar esta droga ou criando um stress oxidativo”, diz ainda Jordi Júlvez.

O estudo realça que não foi encontrada qualquer associação entre o consumo de paracetamol na gravidez e efeitos no desenvolvimento “cognitivo, motor ou social” dos fetos.

SV, ZAP

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