Papa Francisco oferece-se para ajudar EUA a fechar Guantánamo

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Mazur/catholicnews.org.uk / Flickr

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O Vaticano ofereceu-se para ajudar os Estados Unidos nos seus esforços para encerrar a prisão de norte-americana de Guantánamo, um objetivo que conta com forte apoio do papa Francisco.

A oferta foi feita esta segunda-feira, durante conversações entre o secretário de Estado do Papa, Pietro Parolin, o número dois da hierarquia do Vaticano, e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, a Santa Sé saudou sinais recentes de que o Presidente norte-americano, Barack Obama, parece ter acelerado os esforços para fechar as controversas instalações, onde alguns detidos suspeitos de terrorismo se encontram encarcerados há mais de uma década, sem acusação e sob alegada tortura.

O Vaticano está pronto para “ajudar a encontrar soluções humanitárias adequadas, através dos seus contactos internacionais”, para ajudar a instalar os detidos, disse o porta-voz, acrescentando que Parolin e Kerry tinham debatido aprofundadamente essa matéria.

Obama foi eleito Presidente há seis anos, prometendo encerrar Guantánamo, mas tem visto frustradas as suas tentativas de o fazer, por uma conjugação de fatores: a oposição do Congresso e as dificuldades em encontrar casas para prisioneiros que não são, em muitos casos, bem-vindos pelos seus países natais e/ou suspeitos de envolvimento em atos terroristas, incluindo o 11 de setembro de 2001, em alguns casos.

Em outubro passado, o papa deixou claro o que pensa em relação ao tipo de abusos associados a Guantánamo, quando se insurgiu contra o “populismo penal” que levou os países a facilitarem tortura, usando a pena de morte e encarcerando pessoas sem julgamento.

“Estes abusos só acabarão se a comunidade internacional se empenhar firmemente em reconhecer o princípio de colocação da dignidade humana acima de tudo o resto”, sustentou.

Seis prisioneiros – quatro sírios, um palestiniano e um tunisino – deixaram Guantánamo no início deste mês em direção ao Uruguai, após 13 anos de prisão.

Assim, continuam encarceradas 136 pessoas, 67 das quais obtiveram já autorização da administração norte-americana para serem libertadas.

Desse grupo, 54 são iemenitas que não podem regressar a casa por causa da atual situação caótica no país.

Dos prisioneiros cuja libertação não foi autorizada, 15 são classificados como detidos de “elevado valor”, considerados demasiado perigosos para serem julgados ou encarcerados nos Estados Unidos.

Para que a prisão de Guantánamo seja fechada, Obama terá de convencer o Congresso a aceitar a transferência deste grupo para instalações nos Estados Unidos, o que atualmente parece improvável, de acordo com a maioria dos observadores da cena política norte-americana.

Kerry esteve em Roma para conversações com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, no âmbito de esforços para relançar o processo de paz no Médio Oriente, que o papa Francisco também considerou louváveis.

/Lusa

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