Paleontólogos descobrem novo dinossauro na Lourinhã

Raúl Martin

Reconstituição do Eousdryosaurus nanohallucis, que existiu no período do Jurássico Superior

Reconstituição do Eousdryosaurus nanohallucis, que existiu no período do Jurássico Superior

Paleontólogos portugueses e espanhóis anunciam esta terça-feira, em Torres Vedras, a descoberta a nível mundial de uma nova espécie e de um novo género de dinossauro, que é também entre esses animais o herbívoro mais pequeno de Portugal.

“No registo português, é um dos mais pequenos que se conhece e provavelmente é o mais pequeno dos dinossauros herbívoros, porque pertence a um grupo dos mais pequenos a nível mundial e porque ainda não devia ser adulto. Se fosse adulto, provavelmente seria maior”, disse à agência Lusa Fernando Escaso.

O investigador subscreve o artigo científico que acaba de ser publicado no Jounal of Vertebrate Paleontology, em conjunto com Pedro Dantas, Elisabete Malafaia, Bruno Camilo Silva, Pedro Mocho, Fernando Escaso, Francisco Ortega, José Gasulla, Ivan Navaez e José Sanz, ligados à Sociedade de História Natural de Torres Vedras, à Universidade de Lisboa e à Universidade Nacional de Educação à Distância de Madrid (Espanha).

Depois de estudarem os achados feitos em 1999 de viajarem para o continente norte-americano para observar fósseis de dinossauros semelhantes, os cientistas concluíram que havia diferenças entre eles que os levaram a identificar uma nova espécie de um novo género de dinossauro.

“Os fósseis da pata que descobrimos possuem um dedo mais pequeno. Havia estudos que apontavam que esse dedo estava muito reduzido ou era pequeno, mas não tínhamos esse dedo completo. O achado permitiu-nos corroborar a hipótese de que efetivamente é um dedo pequeno nesta espécie e provavelmente em todo o grupo”, explicou à agência Lusa Fernando Escaso.

Os fósseis, compostos pelo esqueleto parcial da cauda, da cintura pélvica e das patas posteriores deste dinossauro, pertencem à Sociedade de História Natural de Torres Vedras.

http://dfmf.uned.es/

O investigador Fernando Escaso, da Universidade Nacional de Educação à Distância de Madrid

O investigador Fernando Escaso, da Universidade Nacional de Educação à Distância de Madrid

“O mais extraordinário é que o material foi descoberto articulado e muito bem conservado. As vértebras estavam uma atrás da outra como em posição de vida e isso é menos comum”, sublinhou o paleontólogo.

Os paleontólogos apontam ainda características particulares nas vértebras caudais e nos ossos da perna, que não existem em espécies deste grupo já identificadas na Europa e na América.

O dinossauro foi apelidado de “Eousdryosaurus nanohallucis“. Trata-se de um herbívoro dryossauro ornitópode, que caminharia de forma muito ágil e veloz com apenas com duas patas, tinha os braços mais curtos do que as patas e teria cauda comprida e meio metro de altura e 1,60 metros de comprimento.

Os cientistas pensam tratar-se de um animal jovem (os adultos teriam 2 a 2,5 metros de comprimento) que viveu há 152 milhões de anos, no fim do Jurássico Superior, o período a que pertencem também grande parte dos achados de dinossauros feitos na região Oeste.

O achado foi feito em 1999 na praia de Porto das Barcas (Lourinhã) por um amador. José Joaquim dos Santos, carpinteiro de profissão, dedicou os seus tempos livres, durante 27 anos, a procurar fósseis nas arribas e foi coleccionando em casa.

A colecção veio a ser adquirida pela Câmara Municipal de Torres Vedras em 1999 e foi doada à Sociedade de História Natural para ser estudada.

/Lusa

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