ONU pede ao Vaticano que leve padres pedófilos à Justiça

José Cruz / ABr

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O Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas pediu hoje ao Vaticano que leve à Justiça todos os pedófilos que estão no seio da Igreja, criticando ainda a atitude de passividade da Santa Sé.

A ONU pediu ao Vaticano para assumir as suas funções e revelar imediatamente “todas as pessoas suspeitas de abuso sexual e levar esses casos às autoridades judiciais competentes para investigação e julgamento”.

O comité sublinhou no relatório, publicado em Genebra, a “sua profunda preocupação quanto aos abusos sexuais de crianças por membros da Igreja Católica sob a autoridade da Santa Sé, com religiosos implicados em abusos de dezenas de milhares de crianças no mundo”.

“O comité está profundamente preocupado pelo Vaticano não reconhecer a extensão dos crimes cometidos e não tomar as medidas necessárias para tratar de casos de abusos sexuais de crianças e proteger estas crianças, não aplicando políticas e práticas que levam ao julgamento e punição destes abusos.

O órgão da ONU aponta, nomeadamente, as transferências de paróquia em paróquia num mesmo país ou para um outro, para esconder estes crimes e ocultar os fatos às autoridades judiciárias. “A prática de mobilidade dos abusadores permite a numerosos padres ficarem em contacto com as crianças e continuarem os abusos”, afirmou o relatório.

O relatório é resultado de um exame feito no mês passado pelo comité – que envolveu 18 especialistas independentes dos direitos humanos de diversos países -, sobre a posição destas questões apresentada pelo Vaticano, Estado com representação nas Nações Unidas. A audiência ocorreu no dia 16 de janeiro, em Genebra, na Suíça.

Signatário da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança desde abril de 1990, o Vaticano apresentou seu primeiro relatório sobre o tema em 1994, examinado em 1995. A audiência do início de janeiro, no entanto, foi a primeira vez que a Santa Sé se pronunciou na sequência de um pedido oficial do comité da ONU.

O organismo enviou uma série de perguntas ao Vaticano em julho de 2013, mas no fim do ano passado a Santa Sé se negou a disponibilizar documentos referentes às investigações dos casos de pedofilia.

Em resposta à ONU, Santa Sé diz que protege direitos da criança

A Santa Sé rebateu hoje as críticas feitas pela ONU em relação à punição dos membros da Igreja em casos de abuso sexual de crianças e afirmou que defende e protege os direitos das crianças, de acordo com o estabelecido pela Convenção dos Direitos da Criança e com a moral e os valores religiosos oferecidos pela doutrina católica.

“A Santa Sé reitera seu comprometimento com a defesa e a proteção dos direitos da criança, de acordo com os princípios promovidos pela Convenção [dos Direitos da Criança]”, destacou a nota divulgada pela Santa Sé.

No comunicado, a Igreja Católica informa, no entanto, que irá considerar as observações feitas pelo relatório do Comité dos Direitos da Criança do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, que passarão por estudos e exames “minuciosos”.

ZAP / Lusa / ABr

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