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O preço dos alimentos está a cair (mas em Portugal não se nota)

A nível mundial, o preço dos alimentos – onde se incluem os cereais, óleos e outros – desceu 14% num ano, até ao último mês de maio, atingindo o seu valor mais baixo desde 2010. 

O Diário de Notícias cita um relatório do Banco Mundial que revela que estes valores mínimos dos últimos cinco anos a nível mundial se devem a uma maior abundância de alimentos e à quebra de 41% no preço do petróleo, reduzindo os custos de produção.

No entanto, são sobretudo as populações dos países mais pobres, com menor capacidade para importar as matérias-primas ou que dependem da ajuda externa para as obter, que deverão beneficiar desta evolução.

“O declínio dos preços dos alimentos é bem-vindo porque mais pessoas pobres podem potencialmente ter meios para comprar comida para as suas famílias“, afirma Jose Cuesta, economista sénior do Banco Mundial, no relatório que refere dados obtidos entre maio de 2014 e maio de 2015.

É por isso que Portugal está entre os países onde, na verdade, não se sentiu a descida dos preços.

No entanto, o economista lembra que poderão surgir, como em qualquer economia, imprevistos a nível doméstico, que contrariem essa tendência. “Inesperadas flutuações de preços permanecem uma possibilidade, pelo que é crucial que os países estejam preparados para enfrentar altas de preços quando e se estas acontecerem”, avisa, referindo exemplos como a situação que se verificou com o vírus do Ébola, quando a desorganização das redes de distribuição acabou por provocar subidas nos preços de vários bens essenciais.

Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar contra a Fome e da Federação Europeia dos Bancos Alimentares, acredita que nem mesmo os países mais pobres deverão sentir os benefícios do declínio do preço da comida.

“A experiência que vou tendo nestas matérias diz-me que não há uma correlação direta. No limite, o decréscimo dos preços a nível mundial até pode prejudicar os produtores desses mesmos países mais pobres”, afirmou ao Diário de Notícias.

Para Isabel Jonet, é ao nível da ajuda internacional que poderão ser sentidas mais vantagens. “Onde poderá haver alguma correlação é ao nível da ONU e dos produtos que são distribuídos, por exemplo, aos refugiados. As Nações Unidas têm um orçamento anual das matérias-primas. E se estas estão mais baratas, isso significa que podem comprar mais”, explica a presidente do Banco Alimentar.

A forma despercebida com que a descida do preço dos alimentos passa nos países mais desenvolvidos, como Portugal, deve-se, interpreta Isabel Jonet, ao facto de as matérias-primas terem hoje pouca importância. “A flutuação não é assim tão grande. São flutuações em grandes números e aquilo que consumimos são pequenos números”.

ZAP

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