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Pacotes de batatas fritas: o novo equipamento dos espiões

MIT

Um simples pacote de batata frita pode ser o novo gadget de James Bond

Um simples pacote de batata frita pode ser o novo gadget de James Bond

Investigadores do MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts), da Microsoft e Adobe desenvolveram um algoritmo que pode reconstruir um sinal de áudio analisando apenas as minúsculas vibrações de objectos simples a reagir a sons, gravadas em vídeo.

Cada vez que um som é emitido, as ondas acústicas fazem com que os objectos à sua volta registem pequenas vibrações, invisíveis a olho nu.

“Quando o som atinge um objecto, faz com que o objecto vibre. O movimento desta vibração cria um sinal visual muito subtil que, geralmente, é invisível a olho nu. As pessoas não percebem que há informação no objecto”, diz Abe Davis, um dos investigadores envolvidos no estudo, à BBC.

Numa das experiências, os cientistas conseguiram obter sons compreensíveis, claros, a partir das vibrações lidas num saco de batatas fritas fotografado a pouco mais de 4,5 metros de distância e através de um vidro à prova de som.

A tecnologia pode ser aplicada no mundo da espionagem, transformando vídeos de objectos a vibrar em portadores de mensagens secretas que poderão ser decifradas apenas por quem tenha o software adequado.

Outros objectos

Em outras experiências, os cientistas conseguiram extrair sinais de áudio a partir de vídeos de papel de alumínio, da superfície de um copo de água e até das folhas de uma planta num vaso.

Os investigadores tocaram a música infantil popular Mary Had a Little Lamb numa sala onde estava uma planta num vaso.

A partir de um vídeo da planta,  conseguiram reconstruir o som da música.

No caso da experiência com o saco de batatas fritas, a equipa conseguiu recriar uma voz humana a partir de um vídeo, filmado através de uma parede de vidro à prova de som.

A tecnologia usada nestas experiências é parecida com a dos microfones a laser, usados pelos espiões para ouvir conversas medindo as vibrações em superfícies reflexivas.

Mas em vez de usar equipamento caro e altamente especializado, os investigadores do MIT conseguiram transformar qualquer tipo de objecto em microfones.

Janelas cobertas

Os cientistas conseguiram criar um método para extrair, com um algoritmo, a informação necessária de gravações de vídeo feitas até com câmaras digitais simples.

Além das aplicações no sector de espionagem, Abe Davis afirma que quer investigar se o novo método pode revelar informações sobre a estrutura interna dos objectos.

“Podemos conseguir informações não apenas sobre os sons emitidos perto dos objectos, mas também sobre os próprios objectos, porque cada um responderá ao áudio de uma maneira diferente”, afirmou.

Alexei Efros, professor de engenharia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, diz que o trabalho dos cientistas do MIT é inovador.

“Às vezes vemos filmes como os de James Bond e pensamos que são truques de Hollywood. Mas, de repente, já é uma realidade que parece saída de um filme. O assassino que cometeu um crime pode ser denunciado pelas vibrações de um pacote de batatas fritas”, diz Efros ao jornal britânico The Guardian.

Alguns especialistas em espionagem conseguem antecipar outras implicações e destacam que no futuro poderá ser crucial, durante uma conversa importante, ter a certeza de que todas as janelas estão tapadas.

ZAP / BBC

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