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Nova espécie de réptil pré-histórico descoberta no Brasil

Paleontólogos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) anunciaram hoje a descoberta de uma nova espécie de crocodilomorfo, a partir de um fóssil encontrado há 70 anos no município de Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Batizado de Sahitisuchus fluminensis – crocodilo guerreiro do Rio de Janeiro – o parente distante dos jacarés e crocodilos é o mais antigo réptil descrito no Brasil.

A espécie era exclusivamente terrestre, podia passar dos dois metros de comprimento e ter 1,2 metro de altura, já que não rastejava como os crocodilomorfos actuais. O animal tinha uma postura mais parecida com a de um javali, com pernas mais fechadas e erectas. Maior predador da região no seu tempo, alimentava-se principalmente de pequenos mamíferos, como os abundantes marsupiais pelos quais o depósito de calcário de São José, em Itaboraí, é conhecido mundialmente.

Apesar de ter sobrevivido à grande extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, o crocodilo guerreiro e seu grupo de sebecossúquios, no Rio, foi extinto milhões de anos depois, sem deixar sucessores. Ainda não se sabe a causa da extinção, mas o paleontólogo André Pinheiro aponta duas hipóteses: a primeira é que ele não resistiu às mudanças climáticas na época. Outra possibilidade é a competição com mamíferos carnívoros que chegaram da América do Norte, no período Mioceno, há até 23 milhões de anos.

Já foram encontradas espécies parecidas com o Sahitisuchus fluminensis, principalmente na Argentina, mas detalhes anatómicos como a ausência de uma fenestra mandibular externa justificam a classificação da descoberta como uma espécie nova. A descoberta revela uma característica única da Bacia São José, em Itaboraí: o local abrigou formas mais modernas de crocodilomorfos, como o Eocaiman itaboraiensis.

O fóssil foi descoberto na década de 40, quando o depósito de calcário ainda era explorado pela Companhia Nacional de Cimento Portland Mauá, que extraiu o mineral do local entre 1933 e 1984. Por se saber a importância paleontológica da região, os trabalhos eram acompanhados por especialistas do Departamento Nacional de Produção Mineral, que identificavam os fósseis. Por dificuldades para preparar o fóssil para os estudos,  permaneceu guardado no Museu de Ciências da Terra até 2011.

“Quando se começa uma pesquisa paleontológica, precisamos de um laboratório de preparação, preparadores e curadores de fósseis, bibliografia adequada, precisamos de gente. E como no Brasil tudo é novo, temos muitas vezes que começar do zero”, disse o investigador Diógenes de Almeida Campos, que coordenou o trabalho com o paleontólogo do Museu Nacional Alexander Kellner.

ZAP / Agência Brasil

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