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Motorista admite branqueamento (mas nunca foi a Paris)

José Goulão / Flickr

O ex-motorista do ex-primeiro-ministro terá confirmado, no interrogatório que antecedeu a sua saída para prisão domiciliária, que aceitou depositar dinheiro em numerário na sua conta e pagar despesas de José Sócrates, relata o semanário Sol na sua edição desta sexta-feira,

O ex-motorista, detido no âmbito do processo Marquês, terá “ajudado o ex-primeiro-ministro a subtrair ao controlo do fisco” parte das “verbas ilícitas que terá recebido” enquanto governante.

Para tal, segundo o Sol, o motorista terá aceite depositar na sua conta quantias que o patrão lhe entregava, para depois fazer pagamento de despesas do ex-primeiro-ministro.

Segundo o jornal apurou “de uma fonte conhecedora da investigação”, João Perna terá relatado durante o interrogatório que “tinha ordens de José Sócrates para não prestar declarações no caso de ser preso”.

O motorista confessa que aceitou fazer os depósitos na sua conta porque “achava que tinha de cumprir ordens”, e que lhe parecia normal porque “estava a trabalhar com alguém que tinha sido primeiro-ministro”.

No entanto, João Perna terá começado a “guardar as facturas das despesas”, nomeadamente os 10 mil euros do funeral do irmão de José Sócrates, porque “tanta circulação de dinheiro vivo lhe começou a levantar suspeitas”.

Ao contrário do relatado por alguns jornais, segundo o Sol o ex-motorista “nunca foi entregar dinheiro ao estrangeiro, nomeadamente a Paris”, tese defendida por João Araújo, advogado de José Sócrates.

As declarações de João Perna contrastam com o silêncio a que se remeteu inicialmente, e terão origem na mudança de advogado do arguido.

O ex-motorista foi inicialmente representado por um advogado indicado pela sociedade de Proença de Carvalho, que em diversas alturas representou José Sócrates.

Na quinta-feira, João Perna foi ouvido no DCIAP em interrogatório complementar, depois de o seu novo advogado, Ricardo Candeias, ter apresentado um requerimento a pedir a alteração da medida de coação.

Em função da “colaboração do ex-motorista com as autoridades” no âmbito do inquérito, o Ministério Público, terá sugerido ao  juiz de instrução do processo a alteração da medida de coação, de prisão preventiva para prisão domiciliária com pulseira electrónica.

O despacho de alteração da medida de coação foi emitido pelo juiz Carlos Alexandre na passada terça-feira, o que permitiu ao ex-motorista passar o Natal em casa.

/Lusa

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