/

Morreu o comandante Van Kirk, último tripulante do Enola Gay

5

P.D. / Wikimedia

A tripulação do bombardeiro Enola Gay, uma super-fortaleza B-52. Theodore Van Kirk é o terceiro a contar da esquerda.

A tripulação do bombardeiro Enola Gay, uma super-fortaleza B-52. Theodore Van Kirk é o terceiro a contar da esquerda.

O último membro da equipa de pilotagem do Enola Gay, famoso por ter lançado a primeira bomba atómica sobre Hiroshima, em agosto de 1945, morreu na segunda-feira com 93 anos, noticiam os media norte-americanos.

Theodore Van Kirk, conhecido como “O Holandês”, morreu na segunda-feira de causas naturais no lar de Stone Mountain, na Georgia, sul dos Estados Unidos, noticiou a cadeia televisiva NBC. Van Kirk, que na altura do bombardeamento tinha 24 anos, era o comandante do Enola Gay, um bombardeiro B-29, e um dos 12 membros da equipa.

O avião largou a primeira bomba nuclear, apelidada “Little Boy“, (Pequeno Rapaz,) sobre Hiroshima às 08h45, a 6 de agosto de 1945, provocando a morte de 145 mil pessoas, a maioria da população da cidade, situada no sudoeste da Ilha Honshu, a maior do arquipélago japonês.

Foi a primeira vez que uma bomba atómica foi utilizada durante uma guerra. A segunda bomba, “Fat Man“, foi largada três dias mais tarde, a 9 de agosto, sobre Nagasaki, matando 70 mil pessoas.

“O avião deu um salto e fez um barulho de metal a dobrar” após a explosão, afirmou Van Kirk ao New York Times, na ocasião do 50º aniversário do bombardeamento. “Logo a seguir, virámo-nos para ver a nuvem que crescia sobre a cidade de Hiroshima”, disse.

“Toda a cidade estava coberta de fumo, poeira e sujidade. Parecia um caldeirão de alcatrão negro a ferver. Conseguíamos ver alguns incêndios na periferia da cidade”, contou Van Kirk. O navegador do Enola Gay relatou ter sentido um “sentimento de alívio”, pois tinha a convicção de que essa bomba iria pôr fim à segunda guerra mundial.

De facto, a 15 de agosto, o Japão rendeu-se.

Apesar da controvérsia sobre o bombardeamento que matou instantaneamente dezenas de milhares de civis e impôs sobre outros milhares as consequências da radiação, Van Kirk defendeu a operação num artigo na revista Time, em 2005.

“Não se tratava de voltar à base ou largar (a bomba) sobre a cidade, matando os habitantes”, escreveu van Kirk. “Tratava-se de destruir os objetivos militares na cidade de Hiroshima, o mais importante quartel-general do exército encarregue de defender o Japão em caso de invasão. Tinha que ser destruído”, sublinhou o aviador.

O funeral está previsto para 5 de agosto, na sua cidade natal de Northumberland, na Pensilvânia, no este dos EUA. As cerimónias serão realizadas na intimidade da família e amigos, segundo a cadeia televisiva CBS.

/Lusa

5 Comments

  1. Criminosos como esse que chegou aos 93 anos e sem qualquer sentimento de culpa por morte de milhares de inocentes, tem sempre o apoio da Europa e USA para os proteger,mesmo por genocidio… provavelmente tera um funeral cheio de gloria e lagrimas, este mundo e uma fantasia

  2. Nisto do “genocídio dos americanos” é muito complicado falar em “Hiroshima e Nagasaki” sem falar em “Pearl Harbour”.

    Para os mais esquecidos, recorde-se que os americanos estavam sossegados na sua base do pacífico, a tentar passar ao lado da II Guerra Mundial, quando no dia 7 de Dezembro de 1941, de surpresa e sem declaração de guerra, o Japão lançou um ataque por mar e ar sobre Pearl Harbour.

    Morreram 2400 pessoas nesse ataque.

    O que o Japão fez em Pearl Harbour foi um genocídio para começar uma guerra.

    O que os EUA fizeram em Hiroshima foi um genocídio que acabou com essa guerra.

    O resto, é contabilidade.

    No que me diz respeito, como português, agradeço aos japoneses o seu ataquezinho rasteiro, que obrigou os EUA a acordar para a guerra e vir cá à Europa salvar-nos dos alemães.

    Sim, porque se os EUA não tivessem, repito, vindo cá salvar-nos dos nazis, a Angela hoje seria a nossa presidente.

    E o resto é reescrever a história.

  3. Sim os japonezes atacaram pearl habor,mas foi numa situacao delicada parecida acho com que a russia ta passa.mas nao se arrepender do resultado dessa bomba,ele tem consciencia dos civis mulheres e criancas que matou,e ainda nenhum pingo de arrependimento?ah se deus existir ele nao entrara no ceu concerteza

  4. Na minha opinião, não existem genocídios bons e genocídios maus. Todos eles são maus, venham de onde vierem, especialmente quando envolvem civis inocentes. Sendo assim, tanto lamento Hiroshima e Nagasaki, como lamento Pearl Harborour. Estes trágicos acontecimentos não podem ser analisados apenas do ponto de vista ideológico. Um criminoso é sempre um criminoso.
    Para terminar quero apenas aqui deixar dois exemplos significativos: Augusto Pinochet, em 20 anos de ditadura, mandou matar cerca de 3.000 chilenos, obviamente é um criminoso. Agostinho Neto em apenas 3 meses, mandou matar de forma atroz cerca de 70.000 angolanos (números que podem ser superiores), na chamada revolta de Nito Alves. Porém, Agostinho Neto é uma grande poeta, humanista, Libertador, fundador da Pátria Angolana. A história escreve-se assim, de acordo com os posicionamentos ideológicos e com a conivência de interesses que ultrapassam o nosso entendimento.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.