Morre Pierre Boulez, um dos maiores nomes da música clássica contemporânea

O compositor e maestro francês Pierre Boulez morreu esta terça-feira, aos 90 anos, em Baden-Baden, na Alemanha, onde vivia, revelou a Philhamornie de Paris.

“A sua presença continuará viva e intensa para todos os que o conheciam e gostavam da sua energia criativa, exigência artística, disponibilidade e generosidade”, afirma a família de Pierre Boulez em comunicado.

Pierre Boulez, que em 2012 esteve em destaque na programação da Casa da Música, é considerado um dos maiores nomes da música clássica contemporânea, enquanto maestro, teórico e compositor, pela incorporação de elementos da música eletrónica na clássica e pelo desenvolvimento de métodos de composição assentes, muitos deles, em princípios matemáticos.

“A morte de Pierre Boulez põe verdadeiramente um ponto final ao vanguardismo musical do século XX“, que contou com outros nomes como Luciano Berio (1925-2003), Karlheinz Stockhausen (1928-2007), Gyorgy Ligeti (1923-2006) e Henri Pousseur (1929-2009), lê-se hoje no jornal Le Monde.

No Twitter, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, escreveu: “Audácia, inovação, criatividade, eis o que Pierre Boulez significa para a música francesa, e que espalhou por todo o mundo”.

O maestro, que se apresentou várias vezes em Portugal, dirigiu grandes orquestras, entre as quais a Filarmónica de Nova Iorque, Chicago e Viena e Sinfónica da BBC, foi o fundador do Instituto de Investigação e Coordenação Acústica/Música (IRCAM), do Centro Georges Pompidou, e do Ensemble Intercomtemporain (1976).

O Le Monde recorda alguns fatos polémicos à volta da figura de Pierre Boulez, nomeadamente a sua relação com o poder político em França nos anos 1960.

Em 1962, o ministro de Estado, André Malraux, nomeou uma comissão para refletir sobre políticas na área da música, a partir das críticas de Pierre Boulez em relação ao panorama francês, mas acabou por escolher o compositor Marcel Landowski para avançar com uma reforma estrutural.

Pierre Boulez “bateu com a porta” e exilou-se em Baden-Baden. Só aceitou regressar a França na década de 1970, quando fundou em Paris o IRCAM e o Ensemble Intercomtemporain, conta o jornal.

Teórico e pedagogo, Pierre Boulez – o maestro que dirigia orquestras sem batuta – participou em “produções memoráveis”, como recorda a France Press, como “Ring du centenaire”, no Festival Wagner de Bayreuth (1976-1980), e a versão integral de “Lulu”, de Berg, em Paris em 1979.

Em 1995, por altura dos seus 70 anos, Pierre Boulez fez uma digressão mundial com a Orquestra Sinfónica de Londres, mas em 2015 não participou das celebrações internacionais pelo 90º aniversário, por razões de saúde.

Entre os prémios conquistados estão da Fundação Siemens, Leonie Sonning, Imperial do Japão, Polar Music Prize, Grawemeyer e um Grammy para a melhor composição contemporânea, pela obra “Répons”.

Em 2001 foi condecorado em Portugal com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago, pelo presidente da República, Jorge Sampaio.

Agência Brasil

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