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Mais de 6.500 serviços públicos encerrados em 14 anos

Nancy White / Flickr

Escola primária em Santa Clara a Velha, no Alentejo

Escola primária em Santa Clara a Velha, no Alentejo

Mais de 6.500 serviços públicos encerraram desde 2000, sobretudo no norte e interior de Portugal Continental, e mais de 150 devem encerrar proximamente, de acordo com um levantamento feito pela agência Lusa junto de entidades oficiais locais.

Segundo este levantamento, feito principalmente junto das Câmaras Municipais, foi possível verificar o encerramento de 6.562 organismos e serviços públicos, entre os quais 4.492 escolas, 249 extensões de saúde e 411 estações de correios, além da diminuição de 1.168 juntas de freguesia e do fim dos 18 governos civis.

Viseu, com 707, Santarém (535), Porto (514) e Aveiro (492) são os distritos onde mais serviços foram encerrados, seguidos de Viana do Castelo (460), Braga (452), Vila Real (439), Coimbra (435) e Bragança (420).

As escolas foram os serviços que mais encerraram, um fenómeno que foi acentuado entre 2005 e 2011, e Viseu, com 555 escolas encerradas, foi o distrito onde mais estabelecimentos fecharam, seguido de Santarém (413), de Aveiro (361) e de Viana do Castelo (354).

Por outro lado, abriram ou foram construídas nos últimos anos 122 novas escolas e 439 centros escolares, principalmente no norte do país, embora a abertura destas infraestruturas não tenha, em muitos municípios, correspondência direta e proporcional ao número de escolas encerradas, devendo-se antes a um fenómeno de modernização do parque escolar.

As câmaras e também administrações regionais de saúde referiram o fim de 249 extensões de saúde, nove blocos de parto e de 104 outros serviços, incluindo-se aqui o fim de atendimento de urgências e a diminuição de valências e de horários de funcionamento.

Quanto aos CTT, empresa entretanto privatizada, começou a perder estações sobretudo a partir de 2002, mas muitas autarquias relataram que ao encerramento têm correspondido acordos com juntas de freguesia e entidades privadas para manter junto das populações alguns dos serviços que eram prestados.

Foram ainda referidos os encerramentos de 13 entidades de turismo neste período, 22 centros de segurança social, nomeadamente tesourarias e 20 postos de GNR.

Encerraram ainda 41 outros serviços públicos considerados pelas entidades locais como tendo especial importância para aquela população específica. Entre estes foram referidos o fim da ligação aérea entre Bragança e Lisboa, de Zonas Agrárias (delegações do Ministério da Agricultura) e de cartórios notariais públicos.

No Alentejo, Marvão perdeu o comboio de passageiros, Beja perdeu a ligação ferroviária à Funcheira, no Algarve, e em Silves foi referido como importante o fim da paragem dos comboios no apeadeiro de São Marcos da Serra, população isolada de 1.500 habitantes que fica assim apenas com dois autocarros diários de segunda a sexta-feira ou sujeita ao transporte particular para se deslocar.

Entre os 155 serviços que estão previstos encerrarem nos próximos tempos destaca-se a extinção de 20 tribunais e a redução dos serviços em outros 27, que passam a Secções de Proximidade.

No entanto, também aqui há escolas: as autarquias relataram terem 59 escolas para encerrar proximamente, prevendo, em contrapartida, a abertura de mais cinco novos centros escolares e 35 novas escolas.

Nestas contas não foi incluído o previsível encerramento de repartições de Finanças, por não existir ainda uma proposta concreta do atual Governo neste sentido.

No entanto, de acordo com uma projeção do Sindicato dos Trabalhadores do Impostos, 154 destas repartições, cerca de metade das atualmente existentes, podem encerrar, sobretudo no interior norte e sul.

Não foi possível obter dados diretamente das câmaras do Porto, de Gondomar, de Viseu, de Penedono, Odivelas, Castanheira de Pêra e Pedrógão Grande, tendo nestes casos os dados sido obtidos a partir do Ministério da Educação quanto ao encerramento de escolas em 2010 e 2011, das administrações de saúde e do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações.

A Lusa tentou obter comentários a este levantamento por parte do Governo, mas fonte governamental disse que ainda não é oportuno falar do assunto.

/Lusa

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