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Lisboa quer usar a energia do trânsito para gerar eletricidade

DR Waydip

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A Câmara de Lisboa pretende utilizar a energia gerada pelo trânsito rodoviário para produzir e vender eletricidade e, com essas receitas, tornar a cidade mais inclusiva, anunciou hoje o presidente da autarquia, António Costa.

A capital é a única cidade portuguesa entre as 21 finalistas do concurso internacional ‘Mayor’s Challenge‘, da Bloomberg Philanthropies, fundação do presidente da Câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg, que visa premiar com cinco milhões de euros o projeto mais inovador para resolução de desafios e melhoria da vida urbana, com potencialidades para serem partilhadas com outras cidades.

Em parceria com investigadores da Universidade da Beira Interior (UBI), a Câmara de Lisboa candidatou um projeto que procura aproveitar a energia cinética produzida pela circulação automóvel na cidade para criar eletricidade, que poderá ser reutilizada, armazenada ou vendida pelo município.

Tapete Waydip

“É colocado um tapete, por cima do pavimento, que capta a energia e é instalado um sistema, fora do pavimento, que converte essa energia, transforma-a e injeta-a na rede”, explicou um dos mentores do projeto, Francisco Duarte, na apresentação.

francisco-duarte / Linkedin

Francisco Duarte, investigador na UBI

Francisco Duarte, investigador na UBI

O investigador disse que o tapete é semelhante aos pavimentos para a redução de velocidade, aproveitando a energia que é feita pelos veículos para abrandar.

Os locais onde aplicar este sistema ainda estão a ser estudados – e vão depender do valor disponível para a aplicação -, mas uma das zonas a Avenida da República.

Os investigadores preferiram não indicar o montante que o município poderá arrecadar, afirmando que isso depende do número de sistemas, mas a autarquia, numa nota distribuída à imprensa, admite que seja possível “atingir poupanças de 145.000 euros em consumos elétricos e reduções na ordem das 337 toneladas e emissões de dióxido de carbono”.

Segundo o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, o prémio do ‘Mayor’s Challenge’ visa financiar o desenvolvimento do projeto, que tem um prazo de execução de dois anos: o primeiro dedicado ao desenvolvimento e investigação do projeto e o segundo para aplicação do sistema.

Mostrando-se otimista com uma possível vitória da capital, o autarca recordou que o ‘Mayor’s Challenge’ premeia ideias com praticabilidade e demonstrabilidade e não projetos finalizados.

“Seremos compradores do projeto assim que estiver desenvolvido e for implementável”, afirmou quando questionado sobre se a aplicação do sistema está dependente do primeiro lugar do concurso. Quanto ao investimento que será necessário, acrescentou isso “será negociado” depois de se saber se Lisboa vence o prémio ou não.

Para António Costa, esta é uma forma de aproveitar a energia provocada “por um grande problema de Lisboa”, o trânsito, e uma “boa oportunidade” para a cidade, nomeadamente para financiar a mobilidade na cidade.

“Se houver sucesso na implementação, poderá trazer uma receita alternativa à introdução de novas portagens urbanas”, considerou.

Por sua vez, o vereador do Espaço Público, Manuel Salgado, especificou que as receitas a alcançar por este sistema, que os investigadores afirmam ainda ser muito cedo para estimar, vão poder “permitir melhorar a acessibilidade pedonal”, tornando a cidade mais inclusiva, principalmente para idosos, e “carregar os veículos elétricos”.

Os investigadores da UBI, que estavam já a trabalhar neste projeto há três anos, desenvolveram um projeto-piloto na Covilhã.

Os finalistas têm que apresentar as candidaturas revistas até meados do verão e os vencedores serão anunciados no outono.

/Lusa

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