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Líderes do Khmer Vermelho condenados a prisão perpétua

Extraordinary Chambers in the Courts of Cambodia / Flickr

Nuon Chea, ideólogo do regime e braço-direito do líder do Khmer Rouge, Pol Pot

O Tribunal Internacional do Cambodja condenou esta quinta-feira a prisão perpétua os dois ex-líderes do Khmer Vermelho por crimes contra a Humanidade, na primeira sentença contra o regime que provocou a morte a 1,7 milhões de pessoas entre 1975 e 1979.

Os dois condenados – os sobreviventes mais velhos entre os líderes do Khmer Rouge – são o número dois da organização comunista, Nuon Chea, de 88 anos, considerado o ideólogo do regime e braço-direito de Pol Pot, e o ex-chefe de Estado da Kampuchea Democrática, Khieu Samphan, de 83 anos, que negaram as acusações que lhes foram imputadas no processo.

O Khmer Vermelho foi responsável pela morte de cerca de 1,7 milhões de pessoas por fome, negligência médica, trabalhos forçados e execuções. “Milhões de pessoas foram vítimas do ataque global e sistemático contra a população civil”, disse o juiz Nil Nonn.

O veredito surge quase três anos depois do início do julgamento de Chea e Samphan, que entre novembro de 2011 e outubro de 2013 teve 222 sessões assistidas por mais de 100 mil pessoas. O processo de condenação de figuras ligadas ao regime comunista no Cambodja tem sido criticado pela lentidão e pelo custo – o tribunal criado para julgar os crimes gastou 204,6 milhões de dólares (cerca de 152 milhões de euros) entre 2006 e o final do ano passado.

O julgamento foi dividido em duas partes, de forma a poder-se obter um veredito antes da morte dos dois acusados.

No primeiro “miniprocesso”, que durou dois anos, a acusação centrou-se nos crimes contra a Humanidade representado pelos deslocamentos forçados da população durante a evacuação das cidades. O veredito conhecido hoje diz respeito a esse processo.

O segundo processo, que começou na semana passada na presença de Khieu Samphan – mas na ausência de Nuon Chea por razões médicas -, diz respeito às acusações de genocídio, aos massacres de vietnamitas e da minoria étnica dos sham, de confissão muçulmana.

ZAP / Lusa

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