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Licenciaturas inexistentes afastam mais dois assessores do Governo

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António Cotrim / Lusa

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O Governo analisou os currículos de adjuntos, especialistas e assessores dos gabinetes e detetou duas situações que motivaram exonerações.

O Observador noticia esta quarta-feira as duas saídas resultantes do escrutínio aos currículos em vários gabinetes: uma falsa licenciatura, que deu em exoneração nos Assuntos Parlamentares, e uma nota curricular sobre uma licenciatura não frequentada no Ministério do Mar.

“Quando os casos das falsas licenciaturas foram conhecidos, fizemos um despiste para tentar encontrar qualquer situação do género que não estivesse identificada nos currículos”, afirmou Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, ao Observador.

No seu gabinete, foram encontradas incongruências no currículo da sua assessora de imprensa, a “técnica especialista” Carla Fernandes. “Pedimos entrega de certificados de habilitações, mas a Carla não entregou e disse que não tinha forma de entregar e pediu a exoneração. Não ignorámos a mentira, mas não foi preciso tomar a iniciativa porque ela pediu a exoneração”, diz ao Observador Pedro Nuno Santos.

Em 2008, Carla Fernandes entrou no Governo como assessora da Secretaria de Estado dos Transportes, sendo apresentada como licenciada na nomeação publicada em Diário da República. Já em 2015, quando nomeada por Pedro Nuno Santos, aparecia como “bacharel” em Business Studies, na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais do Trinity College, na Universidade de Dublin. A universidade não confirmou o grau ao jornal Observador.

Pedro Nuno Santos esclareceu ao jornal que convidou Carla Fernandes para o seu gabinete depois de “ter trabalhado com ela na comissão de inquérito ao BES”. O secretário de Estado diz que a conheceu “enquanto parlamentar” e que, no momento da nomeação, foi-lhe pedido que apresentassem o currículo para que fosse colocado no despacho e “acreditou-se que as informações eram as corretas”.

O segundo caso diz respeito a Fausto Coutinho, ex-diretor de informação Rádio do grupo RTP. No seu despacho de nomeação, consta que, “em 2005, matriculou-se na Universidade Lusófona de Lisboa que, devido à sua intensa atividade profissional, não chegou a frequentar“.

O Observador refere que o caso se tornou viral nas redes sociais, com o despacho a ser partilhado como exemplo da falta de rigor dos membros do gabinete de António Costa. Ana Paula Vitorino não terá gostado desta referência, mas oficialmente foi o próprio Fausto Coutinho a pedir o afastamento.

O despacho de exoneração foi publicado esta segunda-feira, 28 de novembro, mas foi assinado a 17 de novembro e remete para o mesmo dia da exoneração de Carla Fernandes: 2 de novembro.

Esta revisão dos currículos dos membros dos gabinetes foi levada a cabo no rescaldo da polémica das licenciaturas falsas no Ministério da Educação.

Em outubro, o chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto, Nuno Félix, demitiu-se após ter declarado duas licenciaturas falsas, e também o assessor Rui Roque, adjunto de António Costa, que reparava as visitas do primeiro-ministro dentro do país, acabou por se demitir por causa da licenciatura.

Na altura, o ministério da Educação admitiu que “foi feito um levantamento relativo aos graus académicos referidos nas notas curriculares dos membros dos gabinetes do Ministério da Educação, não se tendo verificado qualquer desconformidade”, cita o Observador.

ZAP

14 Comments

  1. Depois os portugueses não querem que os países do “norte” não nos chamem de vigaristas, aldrabões de todo possível e imaginário. Poderá c/ gente como esta no governo que não tem licenciaturas e afirma por escrito que tem… ainda são PIORES que o Relvas…

    • o ex dr. …relvinhas.. tirou um curso de tapetes de arraiolos o que deu direito a ser braço direito daquele que não pagou a SS e estagiou numa empresa ficitcia e que hoje se mantem frouxo na oposição… não são piores que o relvinhas ganhe juízo … e não seja nabo

  2. tecnicos especialistas, chefes de direçao, secretarios de estado, todos a aldrabar e la colocados pelos amigos do partido. os tugas a pagar ordenados principescos a esta malta toda. vão devolver o dinheiro que roubaram ao estado? quem os nomeou ou contratou vai assumir responsabilidades? NÃO!!!

  3. Não duvido que muita boa gente faça melhor trabalho que um licenciado. Mas mentir merece castigo e não me parece que os milhares de euros recebidos indevidamente irão ser devolvidos.

  4. As Falsa licenciaturas estão no governo e recebem salários de 3000 euros no minimo mensais e muitos profissionais com licenciaturas trabalham no Ministério da Saúde como Técnicos superiores e ganham 800 euros !!! Humilhante, repugnante e inqualificável !!!

  5. É triste este cenário pois vulgariza-se uma licenciatura como se se tratasse de algo que é fácil de alcançar. Por isto se menosprezam os licenciados. A mentira deveria ser crime e os culpados apresentados a tribunal. O dinheiro dos contribuintes deveria ser devolvido pois foram pagos ordenados de escalões que estas pessoas não tinham competência para os auferir. Porque não aprovar uma lei que torne publico o grau académico de todos os licenciados, isto sucede pois a lei foi criada para que não haja livre acesso à informação e mascarada como “defesa da privacidade”. Qualquer concurso publico exige certificados a atestar o que está presente no CV, porque tal não acontece em todos os casos de nomeação?

  6. Mas quem é que falou em concurso público para assessors do desgoverno? É apenas uma entrevista e quando se cria a vaga já o gajo está escolhido. Muitas vezes é criada a vaga, exigindo corrículos mesmo à medida do afilhado. São tudo coisas que eu conheço!!

  7. 1- Muitos não licenciados fariam melhor pelo País do que a maior parte destes pois falta o fator seriedade e honestidade que não se aprende com o canudo.2-Quando isto acontece nada tem a ver com estudos mas sim com partidos a caça de bruxas. 3-Se por acaso não fosse necessário por vezes o canudo se calhar até estariamos melhor em termos de governação pois hoje em dia o canudo vem com acréscimo de já terem a lição de saber desviar os dinheiros públicos

  8. Há pelos vistos por aí muitos doutores e engenheiros que devem ter tirado o curso como o Sócrates ao fim de semana, os portugueses sofrem da mania dos doutoramentos e esquecem a arte da competência pois vale-lhes mais um título de que a capacidade para se afirmarem por isso não passamos da cepa torta.

  9. Ele há Universidades de verão, de praia, de vão-de-escada, para analfabetos (ou semi-analfabetos), para os velhinhos, para os jovens, de novas oportunidades, de velhas oportunidades, de oportunidades perdidas, etc. . Depois é uma admiração geral quando aparecem os Licenciados por esses estabelecimentos.

  10. Estes senhores repuseram os vencimentos auferidos indevidamente ? Não façam o povo andar a pagar vencimentos altíssimos a charlatões crónicos.
    Processos disciplinares e penalizações urgem.

  11. Nunca pensei dizer isto, mas até já tenho saudades do Sócrates e do Relvas.
    Esses, ao menos, arranjaram licenciaturas de forma “expedita”, mas tinham-nas.
    Tiradas ao domingo ou com equivalências duvidosas, tinham o canudo na mão para poder dizer que tinham.
    É um pouco diferente do que se está a ver nesta nova geração de governantes que deu agora à Costa, em que sem qualquer vergonha se limitam a dizer “tenho uma licenciatura” sem que a tenham.

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