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Jovens chinesas solteiras não são sobras – apenas não querem casar

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Sempre houve na China uma enorme pressão social sobre as jovens solteiras para um casamento apressado. Mas agora, as mulheres chinesas rejeitam ser pressionadas a casar, e querem fazê-lo por amor – ou não o fazer, de todo.

“Já não és uma criança”, “arranja alguém com quem casar”, “não posso morerr em paz se não casares”, “és muito teimosa”, “não sejas tão esquisita”… “és uma mulher de sobra”. Estas são algumas das frases que as jovens chinesas se habituaram a ouvir ao longo da sua vida.

Na China há um nome para uma mulher solteira “acima da idade ideal” para casar: Sheng Nu.

Sheng Nu traduz-se literalmente como mulher de sobra“, diz Li Yu Xuan, uma chinesa solteira, de 33 anos.

“Refere-se especificamente a uma mulher acima dos 25 anos que não tenha casado”, explica.

Li Yu Xuan é uma das jovens que dá a cara num novo filme, com o qual a marca internacional de cosméticos SK-II pretende inspirar as mulheres de todo o mundo a traçar o seu próprio destino e sensibilizar-nos para o estigma social a que as chinesas estão sujeitas.

O filme, que faz parte da campanha global #changedestiny, recolheu alguns depoimentos tocantes, com testemunhos quer de jovens chinesas, quer das suas famílias, que nos dão uma visão diferente das suas preocupações.

O Ano Novo Chinês, conta Yu Xuan, “é a altura mais stressante do ano, porque toda a gente nos pergunta que idade tens, e porque ainda não casaste“.

Na China, as pessoas pensam que uma mulher solteira é uma mulher incompleta, diz uma das jovens ouvidas. “Sentimo-nos como estranhas”.

“Somos ensinadas a respeitar os nossos pais, e não casar é o maior sinal de desrespeito que podemos dar”, diz Wang Xiao Qi, outra das testemunhas.

Talvez esteja a ser egoísta.. só quero pedir desculpa aos meus pais

“No nosso tempo, encontrar casamento era simples. Encontrávamos um par. Casávamos“, diz o pai de uma das jovens.

Agora, é mais complicado – ao ponto de se terem popularizados no país as “mercados de casamento”, que se enchem de pais à procura de par para os seus filhos.

O Mercado de Casamento de Shanghai, na Praça do Povo, no centro da cidade, é uma destas feiras de “dating” – com a singularidade de os directamente envolvidos, os noivos, nem sequer saberem que os seus pais estão a trocar entre si os perfis dos filhos, sonhando casamentos.

Estes mercados são um símbolo das diferenças de perspectiva das duas gerações.

Para os pais, o importante é saber o rendimento e emprego do pretendente, se tem carro e casa… é como se estivesse a vender a filha.

Mas para as filhas, estranhamente, o mais importante é amar.

“Sim… eu quero amor. Anseio pelo amor verdadeiro“, diz uma Sheng Nu.

O problema é que, na China como no resto do mundo, casar por amor é mais fácil de sonhar que de fazer.

“Talvez deva desistir de encontrar alguém que ame, e contentar-me com alguém que seja adequado para mim”, lamenta uma jovem, resignada.

“Talvez esteja a ser egoísta.. só quero pedir desculpa aos meus pais“, diz uma outra, em lágrimas.

Por causa destas mulheres, e de milhares como elas na China, a SK-II decidiu avançar com uma iniciativa original, uma abordagem diferente, positiva, ao problema.

As mulheres foram ao Mercado de Casamentos

Desta vez, as jovens chinesas decidiram apresentar-se elas próprias no Mercado de Casamentos de Shanghai.

Com a ajuda da SK-II, montaram uma enorme tenda, com os seus “anúncios de casamento”.

Mas os anúncios de casamento não o eram de facto, eram na realidade mensagens especiais para os pais das jovens.

(cv) SK-II

Desta vez, as jovens foram ao Mercado de Casamento de Shanghai – com mensagens especiais para os pais

E a tenda da SK-II no Mercado de Casamentos de Shanghai transformou-se numa plataforma, com a qual as jovens puderam expressar o seu ponto de vista, a sua determinação em ter vontade própria, o seu direito a casar por amor – ou não o fazer.

“Mesmo que esteja sozinha, sou feliz, confiante, e tenho uma boa vida”, diz a jovem Hu Ting.

“Eu não quero casar apenas por casar, não serei feliz dessa forma”, diz Li Yu Xuan no seu “anúncio”.

Os pais das jovens foram convidados a visitar o stand das Sheng Nu. E as suas reacções foram emotivas.

Como a minha filha é linda“, diz a mãe de uma das jovens.

“Se ela quer ser solteira e independente, teremos que a respeitar”, diz o pai de Zhu Li, outra das jovens que participaram na iniciativa.

Zhu Li sentia uma enorme pressão dos pais - até ao diz em que os levou ao seu stand SK-II no Mercado de Casamentos

“Mulheres de sobra… nem sei bem o que pensar desse conceito…”, diz Zhu Li, de 36 anos, uma bem sucedida editora numa revista – e que não consegue deixar de chorar quando fala no assunto.

Estas são as histórias das jovens corajosas que decidiram dar voz à sua vontade de decidir o seu destino, determinadas a mostrar a todas as outras que terem sucesso e serem independentes é algo de que se devem orgulhar.

“Nós não somos Sheng Nu, não somos mulheres de sobra. Somos mulheres poderosas“, diz Yu Xuan.

ZAP //

1 Comment

  1. São belas mulheres em uma cultura que para nós ocidentais é no mínimo estranha elas são lindas e deveria ter a escolha de casar no tempo delas e não serem feridas por uma ideologia que não é aqui nada comum no ocidente .

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