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José Sócrates diz que está “em modo de luta” e não de resignação

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José Coelho / Lusa

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O antigo primeiro-ministro José Sócrates afirmou hoje em Bragança que está “em modo de luta” e não de resignação relativamente ao processo em que é arguido, considerando “um escândalo” continuar sem acusação passados dois anos.

O ex-primeiro-ministro José Sócrates esteve em Bragança na apresentação o livro “Dom Profano”, que escreveu enquanto esteve em prisão preventiva, em Évora.

Depois de falar da teoria e do carisma políticos, o último cometário que dirigiu à audiência foi “quero que saibam: estou em modo de luta, não em modo de resignação”.

Aos jornalistas, no final da sessão com uma assistência com algumas dezenas de pessoas, José Sócrates sustentou as críticas ao processo com as notícias de hoje, acusando a investigação de estar a “roçar o ridículo” e a “desacreditar-se”.

“Parece que agora já só cá faltava mesmo a TVI, já andamos na construtora do Lena, já andamos em Vale de Lobo, já andamos na PT e na OPA da PT, agora faltava a TVI”, disse.

“O que me ocorre dizer é: o que seria de nós e da nossa sombria existência, sem esta radiosa investigação”, afirmou.

Para o antigo líder socialista, “nada disto disfarça a questão essêncial” e que é a de que, passados dois anos, “não apresentaram acusação“.

“Não deduzem acusação nem encerram o inquérito. A isto chama-se um abuso, pura arbitrariedade”, considerou, afirmando que “o que está a acontecer é absolutamente escandaloso e está a decorrer à frente de todos” e lamentando “que muitos assobiem para o lado fingindo que nada está a acontecer, mas está”.

Sócrates reiterou que a lei não permite esta situação e que “há um prazo máximo de inquérito” e disse aos jornalistas que aguarda “há um ano uma decisão” do recurso sobre os prazos, resumindo todo o processo a um método “próprio de um estado policial”.

Há dois anos que fizeram isto e todos vocês acompanharam, todos vocês viram. Três meses depois não vos disseram que as provas estavam consolidadas, seis meses depois não vos disseram as provas agora estão sólidas, nove meses depois não vos disseram que estava quase betão armado e depois de 12 meses, e depois 15 e depois dois anos… dá que pensar”, comentou.

/Lusa

2 Comments

  1. Acho muito bem que não se resigne.
    Este caso sempre me cheirou a esturro por variadas razões, desde logo porque tem havido uma clara perseguição mediática a Sócrates, bem espelhada no tratamento desigual entre ele e outros casos cuja cobertura mediática também se fez mas duma forma muito mais discreta. A própria disparidade de valores entre os ilicitos que o acusam ( 23 milhões segundo noticias do jornaleco CM ) e outros casos cujos prejuízos para nós foram centenas ou mesmo MILHARES DE MILHÕES, parece-me obvio que a diferente escala de grandeza justificaria mais mediatização destes casos. Por outro lado são frequentes casos pouco claros com politicos, por exemplo Passos Coelho que se “esqueceu” de cumprir as suas obrigações com a Seg. Social e que foi administrador (imagine-se) duma empresa de formação que recebia milhões do Estado para cursos de formação que depois se verificou alguns nem existiam, o Portas com os submarinos, caso no qual, na alemanha houve pessoas julgadas e condenadas porque se provou terem pago “luvas” e por cá ficou tudo em “águas de bacalhau” e, tal como os outros chicos espertos tipo Dias Loureiro, etc, Portas saiu de cena de fininho, como convinha, etc, etc, etc. Não li nos jornais durante meses, todos os dias, estas situações badaladas com a mesma intensidade do que o caso de Sócrates.
    Outro ponto estranho é exactamente este que ele refere, isto é, 2 anos sem que lhe digam do que é acusado? Hã? Parece coisa de terceiro mundo. É tudo menos normal e adensa as minhas suspeitas de que isto foi mesmo e apenas para o queimar politicamente.. Essa tarefa já foi conseguida, basta ler comentários.
    Em suma, tudo isto foi um grande folclore, bem montado sem duvida, por alguns setores especifícos da sociedade (magistrados incluídos) que se sentiram beliscados nos seus interesses durante a governação do homem.

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