Jogos às 13h no Mundial podem acabar na Justiça

foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / ABr

foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / ABr

Pode acabar na Justiça a decisão da FIFA de manter jogos do Mundial de 2014 às 13h (17h no horário de Lisboa). A Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol) brasileira, com apoio do FIFPro (sindicato mundial de jogadores), promete entrar com uma ação contra a FIFA na próxima semana – provavelmente num tribunal suíço – se a entidade não atender ao pedido de alteração dos horários das partidas.

Na semana passada, o presidente da Fenapaf, Rinaldo Martorelli, entregou ao presidente da FIFA, Joseph Blatter, um estudo feito com o acompanhamento de médicos e fisiologistas do Instituto de Fisiologia do Exercício (IFE) que comprova cientificamente os malefícios do calor para a saúde dos atletas. “Aguardaremos até semana que vem uma carta, nem que sejam só duas linhas, dizendo que não nos atenderão. Se não chegar nada até terça-feira, entraremos com uma ação para resguardar a saúde dos atletas”, diz Martorelli.

A luta da Fenapaf e do FIFPro para convencer a FIFA a mudar os horários de alguns jogos do Mundial começou em outubro de 2012, quando Martorelli enviou uma carta a Blatter a expressar preocupação com a saúde dos atletas que teriam de jogar sob altas temperaturas. A resposta da FIFA garantia que tentava “sempre que possível evitar jogos nas horas de temperatura mais alta nos lugares mais quentes e nos de temperatura mais baixa nos lugares mais frios”, como pode ler-se num excerto da carta, obtida pela agência brasileira Estado.

Martorelli respondeu a dizer que não considerava o tema esgotado, propondo um trabalho conjunto com a FIFA em busca de uma solução.

Jogos-teste

Diante da falta de resposta, a Fenapaf e o FIFPro entraram em contato com o fisiologista Turíbio Leite de Barros, que planeou o projeto chamado de “Jogos Simulatórios”. Foram realizados quatro jogos-teste em Manaus, Brasília, Fortaleza e São Paulo entre os meses de junho e julho (o mesmo período do Mundial), às 13h e 15h. Os atletas ingeriram uma cápsula com um sensor térmico e um aparelho media a temperatura corporal.

Os resultados desse estudo, enviados à FIFA, pareceram ter sensibilizado Blatter para a mudança de alguns horários. Numa entrevista dada em Roma, em novembro deste ano, ele declarou: “Temos recebido estudos e pedidos para mudar os horários porque o calor no Brasil é mesmo um problema. O calendário dos jogos está elaborado, mas ainda não foi aprovado. Vamos discutir uma possível mudança.”

No entanto, nesta terça-feira, Blatter mudou o discurso. “Quando disputamos o Mundial do México, jogamos muitas partidas às 12h e ainda havia o fator altitude. Hoje em dia, os jogadores estão habituados a jogar em condições que nem sempre são as melhores. O Mundial também envolve o calendário, temos de encaixar três partidas por dia. A vida é assim, o futebol é assim. Nem toda a gente vai ficar satisfeita, mas não podemos agradar a todos”, afirmou.

O secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, garantiu que a decisão da entidade foi técnica. “Não determinamos os horários dos jogos na Suíça, debaixo da neve, mas sim baseados em relatórios médicos. Temos noção das condições climáticas.”

Influência da TV

O presidente da UEFA, o francês Michel Platini, também defendeu a realização de partidas às 13h. O francês lembrou que disputou o Mundial de 1986, no México. “Para participar do sorteio, vim de Paris para Salvador e enfrentei uma diferença de 30 graus. As seleções terão tempo para se preparar, não há problema. Outra questão é política e económica por causa dos direitos de TV. Se muitas pessoas querem ver os jogos, é preciso colocar as partidas num bom horário para a TV“, afirma.

ZAP / MA / AE

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