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Isto é um golpe. Colunistas económicos arrasam acordo com credores

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Stephanie Lecocq / EPA

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schauble, com o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schauble, com o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, durante a reunião do Eurogrupo

Alguns dos principais colunistas dos mais influentes jornais internacionais estão a mostrar-se muito críticos do acordo alcançado esta manhã entre a Grécia e os credores, apoiando o tópico #ThisIsACoup que tem dominado a rede social Twitter.

“Esta lista de exigências do eurogrupo é uma loucura. A hashtag dominante #ThisIsACoup está exatamente certa. Isto vai para além da rispidez, para ser puramente vingativo, uma destruição completa da soberania nacional, e sem esperança de alívio. É, presumivelmente, feito para ser uma proposta que a Grécia não pode aceitar; mas ao sê-lo, é uma traição grotesca de tudo o que o projeto europeu supostamente devia representar”, diz Paul Krugman.

Na sua coluna diária no The New York Times, o Nobel da Economia de 2008 acrescenta que o projeto europeu, que diz ter elogiado a apoiado, “recebeu um golpe terrível, talvez fatal” e sublinha: “Independentemente do que se possa pensar sobre o Syriza, ou a Grécia, não foram os gregos que o desferiram”.

Em outro dos mais influentes jornais internacionais, o Financial Times, Wolfgang Munchau põe o dedo na ferida. Diz o comentador: “já ouvi coisas muito malucas nos meus dias, e esta é uma delas. Um Estado membro a forçar a expulsão de outro. Este foi o verdadeiro golpe durante o fim de semana: não apenas a mudança de regime na Grécia, mas também a mudança de regime na zona euro”, escreve o opinion-maker do jornal britânico.

Em vários jornais internacionais, as críticas às imposições feitas pelos líderes da zona euro ao Governo da Grécia merecem repúdio, sendo o tópico #ThisIsACoup um dos dominantes às primeiras horas da manhã, isto é, um dos tópicos mais comentados nesta rede social.

OS comentadores fazem questão de separar o Syriza e a Grécia, por um lado, da iniciativa política dos últimos dias, considerando que “ao forçar Alexis Tsipras a uma humilhante derrota, os credores da Grécia fizeram bem mais que forçar uma mudança de regime na Grécia ou colocar em perigo as suas relações com a zona euro”.

Para Munchau, o que aconteceu foi mais do que isso: “Eles destruíram a zona euro tal como a conhecemos e demoliram a ideia de uma união monetária como um passo para uma união política democrática”.

Paul Krugman concorda, salientando que “o que aprendemos nas últimas semanas é que ser membro da zona euro significa que os credores podem destruir a tua economia se não te portares bem”.

Laurent Dubrule / EPA

A directora-geral do FMI, Christine Lagarde, com o ministro das Finanças da Grécia, Euclid Tsakalotos

A directora-geral do FMI, Christine Lagarde, com o ministro das Finanças da Grécia, Euclid Tsakalotos

O acordo, anunciado precisamente no Twitter pelo primeiro-ministro belga, Charles Michel, com a simples palavra Acordo, mostra a importância das redes sociais, principalmente o Twitter, que também foi usado pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, para anunciar o cancelamento de uma reunião dos líderes no sábado.

Tusk, aliás, foi dos primeiros a confirmar que o acordo entre a Grécia e os credores tinha sido alcançado, resultando num acordo, aprovado por unanimidade, para oferecer um terceiro plano de ajuda à Grécia, após uma maratona negocial.

“A cimeira da zona euro alcançou um acordo por unanimidade. Está tudo pronto para um programa de ajuda para a Grécia por via do Mecanismo Europeu de Estabilidade, com importantes reformas e um apoio financeiro”, disse Tusk, através da sua conta na rede social Twitter, esta manhã, após cerca de 17 horas de negociações.

Os líderes alcançaram um acordo sobre um terceiro “resgate” à Grécia, depois de um ultimato a Atenas para aceitar duras reformas económicas sob pena de se tornar o primeiro país a abandonar a moeda única.

“A decisão dá à Grécia a possibilidade de evitar consequências sociais e políticas de um resultado negativo”, afirmou Tusk, em conferência de imprensa, no final da maratona negocial, advertindo, porém, que “há condições estritas para serem cumpridas”.

“A Europa escolheu um roteiro. Contudo, tudo depende agora da sua aplicação”, comentou o primeiro-ministro da Estónia, Taavi Roivas, na sua conta na rede social Twitter.

O acordo vem dar luz verde política para o lançamento das negociações sobre o terceiro programa de ajuda à Grécia para os próximo três anos, com um montante estimado entre 82 e 86 mil milhões de euros.

/Lusa

15 Comments

  1. E teem toda a razao em escreve-lo…eu se fosse Grego faria tudo para receber os milhoes ( que mesmo sendo “nossos” como dizem pois eu nunca os vi, aos milhoes ) mas dizia eu, que depois de receber os milhoes deem o contra golpe e saiam entao da EU mas com os cofres cheios e fazendo um manguito aos Eurocratas … isso é que seria uma rizota eheheh.

  2. Os gregos se forem espertos devem receber os milhões e depois saírem da moeda única, dando uma lição aos Totós de Bruxelas.

    • É claro. Não pagas impostos… Não tens lá “nenhum”! Deves ser daqueles gestores do próprio condomínio a lidar com dinheiros alheios… Oooops!

  3. Em bêz de pedir o resgate á União Europeia, por que é que o Tsipras não pede o resgate ao Grupo Lena?
    E, de caminho, podia aprobeitar umas férias em Bale de Lobo…

    • Inteligente – Objectivo, directo, simples e com humor. Rareia por aqui e lá fora!
      O problema reside nos artolas que se puseram a “negociar” em representação do povo grego e a “jogar” com a integridade da zona Euro!

  4. tantas criticas mas afinal quem esta disposto a emprestar dinheiro aos gregos com melhores condiçoes? ha alguem? …. nao? ok. entao tal como eu qdo preciso de dinheiro aceito as condiçoes do banco que me da melhor condiçoes, a grecia teve que fazer o mesmo, mesmo que nao goste. o melhor era nao precisar. mas se precisa a culpa é de quem governa as finanças gregas e de mais ninguem. o melhor é mesmo começarem a poupar e a cortar de uma vez em vez de adiar o inevitavel. Porque o Krugman nao fala das cidades Americanas que faliram??? pq nao aconselha eles o FED a meter la o dinheiro dos contribuintes???? pimenta no cu dos outros é refresco.

  5. à atenção do Sr. Krugman e afins:
    Antiga capital da indústria automóvel dos Estados Unidos foi oficialmente declarada em falência em dezembro passado por um tribunal norte-americano. Dois meses depois, Detroit pondera vender obras do Instituto de Artes para pagar aos credores. e esta hein? q tal o Krugman começar a olhar para o seu proprio pais? porque não meteram lá eles o dinheiro mas querem que a Grecia que nem sequer está ainda numa federaçao de estado receba dinheiro dos outros estados?

  6. Pelo menos ca ainda nao deixamos a Grecia chegar a isto: Detroit ainda é uma das maiores cidades da América mas perdeu população como nenhuma outra. A anarquia fazia paredes-meias com o mau governo. A pobreza tomou conta da cidade, o declínio tornou-se a principal atração. The blight, a ferrugem, designação das zonas abandonadas e baldias, dos bairros, ruas, fábricas e casas desertos, incendiados e arruinados, comidos pelas silvas e chamuscados, era o bilhete-postal de Detroit. A Motorcity, onde tinha nascido a indústria automóvel e que tinha tido até aos anos 50 cerca de 2 milhões de habitantes, estava reduzida a menos de 700 mil (os números nunca são exatos, o censo de 2010 não consegue descrever numericamente a realidade). Um êxodo bíblico. Detroit foi eleita a cidade mais stressada da América. E com um número recorde de assassínios e roubos. A polícia consegue resolver apenas 9% dos casos, e demora horas a responder a um pedido de socorro. A violência era a norma.

  7. é esta a alternativa Krugman p a grecia:
    “Detroit luta diariamente com a falta de fundos. “Não podemos resolver tudo de uma só vez, temos de ir casa a casa, pessoa a pessoa, é brutal”. Décadas de declínio em que o Estado desapareceu. Os serviços públicos desapareceram. Os empregos desapareceram. O dinheiro desapareceu. Detroit definhou e morreu. Ressuscita, dolorosamente. Ainda é uma zona de cataclismo”. todos os criticos da UE e da troika, podem emigrar para lá.

    • Parabéns pelas analogias presentes nas várias inserções.
      Para os EUA os 2% do pib europeu que a Grécia representa são “cousa pouca” porque o Mayor de Detroit não faz visitas de “chá” à Rússia e sabem que o Mr. Puttin recentemente requereu ao constitucional que averiguasse a “legalidade” das independências – libertação das ex-repúblicas actualmente estados independentes!

  8. Já ouvira falar de agências de rating europeias? Do “primo” europeu do FMI?
    …E ninguém fala do lobby $USDolar contra o €uro… Andais vendados.

  9. Maçonaria ao mais alto nivel trabalham em segredo por este projecto europeu.
    O Objectivo é destruir as soberanias em prol da Mafia Banqueira .

    • … E tu que dominas o suposto nível e os supostos segredos da suposta “maçonaria” incluindo supostos objectivos da dita, só pode ser por te terem bufado ao ouvido e tu enfartado cospes em público! Vai lá vai e antes de abrir a boca pensa que a podes morder.

  10. Seja com sacrifícios ou não isto serve de exemplo para o nosso povo! Em que ponto? Devem perguntar fosses mais um a falar tretas!
    Então para evitar este monopólio dos credores!
    1ª Comprar o mais possível o que é nacional e variar nas escolhas de fornecedores/vendedores
    2ª Não facilitar a corrupção (Pedir recibos facturas e guias)
    3ª Na hora de votar todos os partidos querem a maioria!( O tanas! O povo no seu local de trabalho também tem que se entender com os colegas de trabalho eles que se entendam também)
    4º Pedir guita ao banco? Será mesmo necessário? Só se for por um caminho mais fácil, que depois acaba por ser mais difícil a contribuição com o pagamento em trabalho!
    Um povo responsável consegue jogar o pais bem no alto é uma questão de união. Tal e qual como quando vão ver a bola e enchem o estádio!!! (Olha lembrem-se da factura do bilhete)!!!

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