Investigadores de Coimbra criam janelas que transformam luz solar em energia

Investigadores das universidades de Coimbra (UC) e de Sheffield, no Reino Unido, desenvolveram um estudo que contribui para o futuro desenvolvimento de janelas que transformam luz solar em energia elétrica, anunciou hoje a UC.

As projetadas janelas – designadas pela comunidade científica como “células fotovoltaicas de terceira geração” -, que poderão produzir eletricidade, em vez de painéis fotovoltaicos, são “mais eficientes e de custo reduzido em comparação com os atuais sistemas”, afirma a instituição portuguesa, numa nota hoje divulgada.

“Pela primeira vez”, uma equipa de investigadores, coordenada por Carlos Serpa e Hugh Burrows, “avaliou o potencial de alguns compostos de platina (platina ligada a um conjunto de moléculas orgânicas) para aplicações na transformação de energia solar em eletricidade”.

Para isso, os especialistas adotaram “um método sensível de calorimetria fotoacústica (tecnologia única desenvolvida na UC)”, para determinarem “quão eficiente é a transferência de eletrões destes compostos de platina para um material semicondutor, de forma a produzir eletricidade, num aproveitamento racional da energia solar”.

uc.pt

Carlos Serpa, investigador da Universidade de Coimbra

Carlos Serpa, investigador da Universidade de Coimbra

Os resultados da investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo LaserLab Europe, foram considerados ‘HOT Article’ e serão capa da edição 26 (a publicar em julho, mas já disponível online) da revista científica editada pela Royal Society of Chemistry, “Dalton Transactions”, adianta a UC.

Segundo o investigador Carlos Serpa, os compostos de platina estudados são candidatos promissores para aplicações na conversão da energia solar em eletricidade, porque “apresentam como grande vantagem a sua capacidade de intensa absorção no visível e em parte do espetro do infravermelho próximo”.

Simplificando, se se pensar nas “cores do arco-íris, estes compostos de platina têm uma forte capacidade de absorver grande parte dessas cores, especialmente a cor vermelha, mais difícil de captar”, refere Carlos Serpa, salientando que “esta é uma característica essencial para a transformação eficiente de luz solar em energia elétrica”.

Mas “verificou-se que o tempo de vida do composto no estado necessário para a transformação em energia elétrica é muito curto, entrando em competição com a transferência de eletrões para o circuito elétrico”, ressalva o investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC.

Por isso, sustenta ainda Carlos Serpa, “são ainda necessários novos estudos, que passam pela modificação das moléculas que envolvem o átomo de platina, alterando assim as propriedades do composto para obter as condições mais favoráveis à transformação da luz solar captada em eletricidade”.

Além de Carlos Serpa e de Hugh Burrows, a equipa do Coimbra LaserLab da UC que participou na investigação é também integrada por Patrícia Jesus.

O Coimbra Laser Lab Overview é um laboratório multidisciplinar dedicado ao estudo das interações entre radiação e matéria em nível molecular, que faz parte da Laserlab Europe, um consórcio de organizações líderes em pesquisa à base de laser de 16 países patrocinados pelo 7.º Programa-Quadro da União Europeia.

/Lusa

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