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Inquérito à morte de jovem com tumor aguarda por peritos há ano e meio

O inquérito que pretende investigar o caso da jovem de 19 anos que morreu com um tumor, depois de 11 vezes nas urgências, está há um ano e meio à espera de um parecer dos peritos.

O inquérito-crime aberto para investigar a morte de Sara Moreira, a jovem de 19 anos que morreu com um tumor na cabeça, está há um ano e meio à espera por um parecer do Conselho Médico-Legal, avança hoje o Público.

“Confirma-se a existência de um inquérito, o qual se encontra pendente a aguardar o parecer do Instituto Nacional de Medicina Legal. Tal parecer foi solicitado em Dezembro de 2014”, escreveu a assessora de imprensa da Procuradoria-Geral da República ao jornal.

O instituto adianta ainda que o caso já foi distribuído e que deverá ser discutido na próxima reunião do Conselho Médico-Legal, que deverá acontecer no próximo mês de julho.

O caso foi dado a conhecer esta terça-feira pelo Jornal de Notícias. O diário noticiou que a adolescente deu entrada nas urgências do Hospital Padre Américo, em Penafiel, onze vezes.

Durante três anos, o diagnóstico dos médicos foi sempre o mesmo: estado de ansiedade. A verdade é que a adolescente acabou por morrer dois dias depois da sua última passagem pelo hospital.

A autópsia, solicitada pelo Ministério Público, revelou que Sara tinha um tumor alojado na cabeça com 1,670 quilogramas.

A jovem terá começado a sentir fortes dores de cabeça em 2010, altura em que se dirigiu ao hospital pela primeira vez. A este sintoma juntaram-se os vómitos, perdas de consciência e dificuldade em controlar a urina.

Os médicos terão dito que a adolescente “andava nervosa por causa dos estudos” e, segundo a progenitora, em declarações ao JN, até suspeitaram de uma possível gravidez.

Nunca, nem no centro de saúde nem no hospital, mandaram Sara fazer uma tomografia axial computorizada (TAC) ou uma ressonância magnética. Segundo o Público, a jovem foi medicada com analgésicos e ansiolíticos.

Desde então que os pais da jovem, natural de Recarei, Paredes, alegam negligência médica, tendo avançado com uma ação em tribunal contra o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, ao qual pertence o hospital em questão.

Abertura de quatro inquéritos

Na sequência da reportagem do JN, mais inquéritos e investigações começaram a surgir, a começar por um solicitado pelo próprio ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

O ministro pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde que iniciasse um processo de esclarecimento sobre o que se passou.

Também a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte abriu outro e a administração do próprio hospital instaurou um processo de averiguações interno, relata o Diário de Notícias.

Num comunicado conjunto, as duas entidades afirmam que a situação ocorrida entre 2010 e 2013 “nunca foi reportada” à administração do hospital.

“O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, ao tomar conhecimento, pela comunicação social, da situação referida, respeitando naturalmente o segredo de justiça, de imediato mandou proceder à competente investigação, do mesmo modo que esta ARS vai mandar instaurar um processo de inquérito”, referem.

Também o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, diz ter sido “surpreendido pela notícia” e já admitiu que instaurou um processo disciplinar que poderá atingir vários dos sete médicos que observaram a utente.

Apesar de não conhecer bem o caso, o bastonário admite que “obviamente, houve alguma coisa que não correu bem” e lamenta que não tenha sido feito uma TAC ou uma ressonância magnética.

“Se a família de Sara dispusesse de médico de família o diagnóstico teria sido feito muito mais precocemente. (…) Este caso mostra que a Urgência não é o local ideal para fazer diagnósticos de casos mais complexos”.

ZAP

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