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Houve diálogo entre PS e PCP, resta saber se o mesmo acontece com Passos

Manuel de Almeida / Lusa

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O secretário-geral do PCP reafirmou esta quarta-feira ao seu homólogo socialista a disponibilidade para viabilizar um elenco governativo do PS e impedir novo executivo da coligação PSD/CDS-PP, após uma reunião na sede comunista.

“O PS terá de escolher entre associar-se à viabilização e apoio a um Governo PSD/CDS ou tomar a iniciativa de formar um Governo que tem garantidas as condições para formação e entrada em funções”, analisou Jerónimo de Sousa, ladeado por Francisco Lopes, Jorge Cordeiro e João Oliveira, no final da reunião com António Costa, que durou uma hora e um quarto.

O líder comunista destacou a convergência com o PS na rejeição de um novo Governo PSD/CDS-PP, mas esclareceu que a reunião, apesar de “produtiva”, não serviu para discutir eventuais composições de um futuro executivo de esquerda, mas antes da “resposta aos anseios e necessidades dos trabalhadores, do povo e do país”.

Depois da declaração de António Costa, que foi acompanhado por Carlos César, Ana Catarina Mendes, Pedro Nuno Santos e Mário Centeno, o líder comunista reafirmou, contudo, a prontidão e preparação do PCP “para assumir todas as responsabilidades, incluindo governativas”.

“Estando PSD e CDS em minoria e havendo uma maioria que pode viabilizar outras soluções de Governo, seria incompreensível que se desperdiçasse essa oportunidade. A questão coloca-se no plano do relacionamento interpartidário, podendo abrir para uma composição que traduza uma convergência política mais abrangente”, afirmou o secretário-geral do PCP.

Segundo o dirigente comunista, “o programa do PS”, afinal, “corresponde a uma aspiração de rutura com a política de direita” e, entretanto, “no quadro constitucional e na correlação de forças existente na Assembleia da República, nada impede o PS de formar Governo, apresentar o seu programa e entrar em funções”.

“Mesmo num quadro em que o PS insista no seu programa e que não seja fácil encontrar uma convergência sobre um programa de Governo nem assim se pode concluir que a solução seja um Governo PSD/CDS”, assegurou, prometendo que os deputados do PCP recusarão qualquer executivo da PàF e contribuirão para “derrotar qualquer iniciativa que vise impedir outra solução”.

Para Jerónimo de Sousa, “resolvido problema institucional e de Governo”, há que “fazer um caminho”, uma vez que os comunistas não irão abdicar de várias questões de princípio, como a renegociação da dívida ou o estudo da saída da moeda única, entre outras.

Do outro lado da mesa, o líder socialista disse que houve uma “reunião franca” e um “diálogo sério” entre o PS e o PCP, abrindo oportunidade para os dois partidos continuarem a falar nos próximos dias, diz o Diário de Notícias.

Costa reiterou que o principal objetivo destas reuniões é estudar “alternativas de política”, e não uma fusão entre os dois partidos, para satisfazer “a vontade dos cidadãos”, ou seja, referindo-se à maioria de esquerda na Assembleia.

Próxima reunião é com Passos

Depois do PCP, António Costa segue na sexta-feira para uma reunião com Passos Coelho, já que o primeiro-ministro quer chegar a um entendimento para os próximos quatro anos, principalmente no que toca ao Orçamento de Estado para 2016.

Fonte da direção social-democrata disse ao DN que existem vários pontos em comum que podem fazê-los chegar a um entendimento, mas que também existem temas que serão mais difíceis de negociar.

O dirigente acredita que “é nas questões orçamentais e na Segurança Social, assunto que continuamos a querer discutir com o PS, que haverá as mais difíceis negociações, no resto acreditamos que o entendimento será fácil”.

Passos Coelho piscou o olho ao PS porque, ao contrário dos outros partidos, é “conhecida a sua vinculação à pertença de Portugal à UE e à zona euro“. Graças a isto, o líder acredita ser possível “colocar de lado as diferenças mais significativas”.

Como um sinal de abertura da direita, a mesma fonte diz ao jornal que o PSD pode fazer algumas cedências, nomeadamente como o cargo para a presidência do Parlamento. Ferro Rodrigues e Helena Roseta são dois dos nomes que a direita pode chegar a considerar.

António Costa tinha ainda uma reunião marcada com o Bloco de Esquerda para a manhã desta quinta-feira que, entretanto, foi adiada.

A pedido do partido coordenado por Catarina Martins para “permitir uma melhor preparação técnica” e “compatibilizar a presença de todos os elementos da delegação”, a reunião fica agora marcada para a próxima segunda-feira, pelas 11h00, na sede do Bloco, em Lisboa.

ZAP / Lusa

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