/

Greenpeace pede desculpa ao Peru e identifica responsável por danos nas Linhas de Nazca

squicker / Flickr

Com mais de 2.000 anos de antiguidade, as linhas de Nazca, no Perú, são Património UNESCO desde 1994

Com mais de 2.000 anos de antiguidade, as linhas de Nazca, no Perú, são Património UNESCO desde 1994

O diretor executivo da Greenpeace, Kumi Naidoo, pediu esta sexta-feira desculpas aos peruanos pela entrada de ativistas da organização ambientalista nas Linhas de Nazca e divulgou a identidade do líder da incursão, revelou um porta-voz da procuradoria de Nazca à agência Efe.

Kumi Naidoo prestou declarações durante mais de quatro horas na procuradoria de Nazca, a 460 quilómetros a sul da capital peruana, Lima, numa audiência cujos detalhes não foram divulgados.

Património Mundial da UNESCO desde 1994, as Linhas de Nazca, com mais de 2.000 anos de antiguidade, são representações de figuras de diferentes complexidades, que vão desde simples linhas até imagens de animais e plantas, no deserto de Nazca, no Peru.

Um grupo de ativistas da Greenpeace entrou, no passado dia 8, numa área estritamente proibida, nas Linhas de Nazca, para colocar uma mensagem dirigida aos participantes da cimeira sobre alterações climáticas das Nações Unidas (COP20).

No dia 16, o governo peruano divulgou imagens que mostram os danos causados pela entrada da Greenpeace nas Linhas de Nazca, local interdito até a chefes de estado.

Segundo a procuradoria de Nazca, o diretor da Greenpeace fez “uma declaração muito extensa e exaustiva” durante a audiência e reiterou a sua vontade de “colaborar com a investigação”.

“O importante é que nos facultou o nome do funcionário responsável por esta ação. Como procuradoria vamos tomar as providências necessárias para o citar”, afirmou o porta-voz, antes de confirmar que se trata de um cidadão estrangeiro.

Segundo Kumi Naidoo, nenhum peruano participou nos feitos, mas a procuradoria tem “indícios de que tal não estará totalmente correto”.

As autoridades judiciais mexicanas procuram “identificar todos os autores” da incursão, tendo, segundo o mesmo responsável, o prazo máximo de quatro meses para cumprir essa missão.

Enquanto Naidoo prestava declarações, grupos de manifestantes encontravam-se no exterior da procuradoria de Nazca, onde exigiram uma sanção para os ativistas que danificaram os milenários hieróglifos.

O diretor da Greenpeace também considerou que, “a serem apuradas responsabilidades pessoais e patrimoniais, estão dispostos” a aceitá-las, acrescentou o porta-voz da procuradoria.

No final da audiência, o representante máximo da organização internacional deu uma breve conferência de imprensa em que reiterou lamentar o facto de ativistas terem entrado nas Linhas de Nazca “sem saber que estavam a causar um grande dano”.

Naidoo pediu desculpas ao Peru e ao povo de Nazca e frisou que a organização que dirige vai acatar as exigências da justiça peruana.

internaz / Flickr

Kumi Naidoo, director executivo da GreenPeace

Kumi Naidoo, director executivo da GreenPeace

Confirmou, além disso, que a procuradoria lhe pediu reserva relativamente às declarações, pelo que recusou facultar mais dados.

Um grupo de ativistas da Greenpeace entrou, no passado dia 08, nas Linhas de Nazca, para colocar uma mensagem dirigida aos participantes da cimeira sobre alterações climáticas da ONU (COP20).

O Ministério da Cultura peruano informou logo a Unesco dos “graves danos” causados em torno da figura do beija-flor, numa área de 1.600 metros quadrados e que, no lugar, ficara “marcada, de forma irreparável, o caminho que seguiram para aceder ao hieróglifo”.

Os ativistas foram acusados de atentar contra o património cultural, em particular, contra monumento arqueológicos, em prejuízo do Estado peruano, crime punível com até oito anos de prisão.

Naidoo assinalou, na quinta-feira, que a sua organização ambientalista se ofereceu para ajudar a encontrar uma solução para os danos causados e também para apoiar outras atividades como una forma de colaboração “a longo prazo” com o Peru.

Afirmou, contudo, que as autoridades peruanas são “da opinião de que, em primeiro lugar, se têm de esclarecer os factos pela via judicial”.

Os suspeitos implicados no caso deixaram o Peru no passado fim de semana, depois de um tribunal ter indeferido o pedido da procuradoria no sentido de ser negada a sua saída do país porque o despacho não indicava o domicílio no qual deveriam ser notificados.

O Ministério da Cultura anunciou, na sequência da decisão, que as autoridades judiciais iriam procurar os responsáveis pela incursão para depois solicitar a sua extradição.

/Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.